Clique na imagem acima para iniciar o download

Lucas - Versão Atualizada da Bíblia King James

O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS


Cap. 1- Prefácio e dedicatória a Teófilo

1 Tendo em vista que muitos já se empenharam em elaborar uma narrativa histórica sobre os eventos que se cumpriram entre nós,

2 conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares dos fatos e servos dedicados à Palavra,

3 eu, pessoalmente, investiguei tudo em minúcias, a partir da origem e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo.1

4 E isso, para que tenhas plena certeza das verdades que a ti foram ministradas.


Gabriel anuncia o nascimento de João

5 Na época de Herodes, rei da Judéia, havia um certo sacerdote chamado Zacarias, que fazia parte do grupo sacerdotal de Abias. E Isabel, sua esposa, também era uma das descendentes de Arão.2

6 Os dois andavam em justiça aos olhos de Deus e obedeciam de forma irrepreensível a todos os mandamentos e doutrinas do Senhor.3

7 Contudo, eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade.

8 Em certa ocasião, quando seu grupo estava de serviço, Zacarias ministrava como sacerdote diante de Deus.

9 Ele foi escolhido por sorteio, de acordo com a tradição do sacerdócio, para ter acesso ao altar do Santo dos Santos e ali oferecer a queima do incenso.4

10 E, chegando o momento da oferta do incenso, uma multidão de pessoas estava orando do lado de fora.

11 Foi então que um anjo do Senhor apareceu a Zacarias, à direita do altar do incenso.

12 Assim que Zacarias o viu, ficou perplexo e um grande temor o dominou completamente.

13 Entretanto, o anjo lhe assegurou: "Não tenhas medo, Zacarias; eis que a tua súplica foi ouvida. Isabel, tua esposa, te dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de João.5

14 Ele te será motivo de grande felicidade e regozijo. E muitos se alegrarão com o seu nascimento.

15 Pois ele será grande aos olhos do Senhor, jamais beberá vinho nem qualquer outra bebida fermentada, e será pleno do Espírito Santo desde antes do seu nascimento.

16 E conduzirá muitos dos filhos de Israel à conversão ao Senhor, seu Deus.6

17 Ele avançará na presença do Senhor, no mesmo espírito e poder de Elias, com o propósito de fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, deixando um povo preparado para o Senhor".7

18 Então, Zacarias indagou do anjo: "Como poderei certificar-me disso? Pois já sou idoso, e minha esposa igualmente de idade avançada".8

19 Ao que o anjo lhe replicou: "Sou Gabriel, aquele que está permanentemente na presença de Deus e fui encarregado de vir para falar e transmitir-te estas boas notícias.9

20 Porém, eis que permanecerás em silêncio, pois não conseguirás falar até o dia em que venha a ocorrer tudo quanto te revelei, porquanto não acreditaste nas minhas palavras, as quais, no seu devido tempo, se cumprirão".

21 Enquanto isso, o povo estava aguardando Zacarias e preocupava-se com o fato de que demorasse tanto no santuário do Senhor.10

22 Mas, ao sair, nenhuma palavra conseguia pronunciar; as pessoas perceberam que ele tivera uma visão no santuário. Zacarias tentava comunicar-se através de sinais, permanecendo todavia mudo.

23 Ao completar seus dias dedicados ao serviço, ele regressou para casa.

24 E, passado esse tempo, Isabel, sua esposa, engravidou, mas durante cinco meses ocultou-se das pessoas não saindo de casa.

25 E ela dizia a si mesma: "Isto é dádiva do Senhor para mim! Eis que seus olhos me contemplaram, para retirar de sobre mim a grande humilhação que sentia diante de todos".11


Gabriel anuncia o nascimento de Jesus

26 Então, no sexto mês, Deus enviou o anjo Gabriel para Nazaré, uma cidade da Galiléia,

27 a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria.12

28 O anjo chegou ao lugar onde ela estava e ao se aproximar lhe declarou: "Alegra-te, mui agraciada! O Senhor está contigo!".13

29 Diante de tais palavras, Maria ficou intrigada, imaginando qual poderia ser o motivo daquele tipo de saudação.

30 Mas o anjo lhe revelou: "Maria, não temas; pois recebeste grande graça da parte de Deus.

31 Eis que engravidarás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus.14

32 Ele será Grande, e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi,15

33 e Ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó, e seu Reino nunca terá fim".16

34 Então, perguntou Maria ao anjo: "Como acontecerá isso, pois jamais tive relação sexual com homem algum?".17

35 Então o anjo lhe esclareceu: "O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E por esse motivo, o ser que nascerá de ti será chamado Santo, Filho de Deus.18

36 Saiba também que Isabel, tua parenta, dará à luz a um filho mesmo em idade avançada, sendo que este já é o sexto mês de gestação para aquela a quem julgavam estéril.

37 Porquanto para Deus não existe nada que lhe seja impossível!".

38 Diante disso, declarou Maria: "Eis aqui a serva do Senhor; que se realize em mim tudo conforme a tua palavra!". Em seguida o anjo partiu.


O encontro de Maria com Isabel

39 Durante aqueles dias, Maria preparou-se e saiu rapidamente em viagem para uma cidade da região montanhosa da Judéia.

40 Chegou à casa de Zacarias e foi saudar Isabel.

41 Assim que Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou plena do Espírito Santo.19

42 E, com um forte grito, exclamou: "Bendita és tu entre todas as mulheres, e bendito é o fruto de teu ventre!

43 Mas, qual o motivo desta graça maravilhosa, que me venha visitar a mãe do meu Senhor?

44 Pois, no mesmo instante em que a tua voz de saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria.

45 Bem-aventurada é aquela que acreditou que o Senhor cumprirá tudo quanto lhe foi revelado!".


Magnificat, o cântico de Maria

46 Então declarou Maria:20 "Engrandece minha alma ao Senhor,

47 e o meu espírito se regozija em Deus, meu Salvador,

48 pois contemplou a insignificância da sua serva. Mas, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,

49 porque o Poderoso realizou maravilhas a meu favor; Santo é o seu Nome!

50 A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração.

51 Ele operou poderosos feitos com seu braço; dispersou aqueles cujos sentimentos mais íntimos são soberbos.

52 Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes.

53 Supriu abundantemente os famintos, mas expulsou de mãos vazias os que se achavam ricos.21

54 Ajudou a seu servo Israel, recordando-se da sua misericórdia infinda

55 a favor de Abraão e sua descendência, para sempre, assim como prometera aos nossos antepassados".22

56 E Maria permaneceu com Isabel por cerca de três meses, quando então retornou à sua casa.23


Nasce João Batista

57 Ao se completar o tempo de Isabel dar à luz, nasceu-lhe um filho.

58 Todos os seus vizinhos e parentes ouviram falar da grande misericórdia com a qual o Senhor a havia contemplado e muito se alegraram com ela.

59 No oitavo dia levaram o menino para ser circuncidado, e desejavam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.

60 No entanto sua mãe tomou a palavra e afirmou: "Não! O nome dele deverá ser João".

61 Ponderaram-lhe: "Mas ninguém há entre teus parentes que se chame assim".

62 Então, através de sinais, consultaram o pai do menino que nome queria que lhe dessem.

63 Ele pediu uma tabuinha e, para surpresa de todos, escreveu: "O nome dele é João".24

64 No mesmo instante sua boca se abriu, sua língua se soltou e ele começou a falar, louvando a Deus.

65 Toda a vizinhança foi tomada de grande temor e por toda a região montanhosa da Judéia se comentavam esses fatos.

66 E aconteceu que todos quantos ouviam falar dessas ocorrências ficavam imaginando: "O que virá a ser este menino?". Pois a boa mão do Senhor estava com ele.


Benedictus, o cântico de Zacarias

67 Então, seu pai Zacarias foi cheio do Espírito Santo e profetizou:25

68 "Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, pois que visitou e redimiu o seu povo.

69 Ele concedeu poderosa salvação na casa de Davi, seu servo.26

70 Assim como prometera por meio dos seus santos profetas desde a antigüidade.

71 Salvando-nos dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam,

72 para demonstrar sua misericórdia aos nossos antepassados e recordar sua santa aliança,

73 o juramento que prestou ao nosso pai Abraão.

74 Que nos resgataria da mão de todos os nossos inimigos, a fim de o servirmos livres do medo,

75 em santidade e justiça na sua presença, durante todos os dias de nossas vidas.

76 Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois marcharás à frente do Senhor, para lhe preparar o caminho.27

77 Para proclamar ao seu povo o conhecimento da salvação, mediante o perdão dos seus pecados.

78 E isso, por causa das profundas misericórdias de nosso Deus, através das quais dos céus nos visitará o sol nascente,28

79 para iluminar aqueles que estão vivendo em meio às trevas, e guiar nossos pés no caminho da paz".29

80 E o menino crescia e se robustecia em espírito; e viveu no deserto até o dia em que havia de revelar-se publicamente a Israel.30



Cap. 2 -Nasce Jesus de Nazaré, o Cristo

(Mt 1.18-25)

1 Naquela época, César Augusto publicou um decreto, convocando para um recenseamento, todos os moradores das terras dominadas por seu império.1

2 Este foi o primeiro cadastramento da população de todo o império romano, quando Quirino era governador da Síria.2

3 E todos seguiam para as cidades onde haviam nascido, a fim de serem arrolados.

4 Por isso, José também viajou da cidade de Nazaré da Galiléia para a Judéia, até Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à descendência de Davi.3

5 E partiu com o propósito de alistar-se, juntamente com Maria, sua esposa prometida, que estava grávida.4

6 Enquanto estavam em Belém, chegou o momento de nascer o bebê,

7 e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o com tiras de pano e o colocou sobre uma manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria.5


"Gloria in Exelsis Deo!"

8 Nas proximidades havia pastores que estavam nos campos e que durante a noite cuidavam dos seus rebanhos.

9 E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu a eles e a glória do Senhor reluzindo os envolveu; e todos ficaram apavorados.

10 Todavia o anjo lhes revelou: "Não temais; eis que vos trago boas notícias de grande alegria, e que são para todas as pessoas:

11 Hoje, na cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é o Messias, o Senhor!6

12 Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em panos e deitado sobre uma manjedoura".

13 E no mesmo instante, surgiu uma grande multidão do exército celestial que se juntou ao anjo e louvavam a Deus entoando:

14 "Glória a Deus nos mais altos céus, e paz na terra às pessoas que recebem a sua graça!".7

15 Quando os anjos partiram e foram para os céus, os pastores combinaram entre si: "Vamos até Belém, e vejamos este acontecimento que o Senhor nos deu a saber".

16 Então correram até o local e chegando, encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado numa manjedoura.

17 E depois de o contemplarem, comunicaram a todos o que lhes fora revelado a respeito daquele menino,

18 Ao ouvirem o que os pastores relatavam ficaram sobremodo assustados.

19 Maria, contudo, observava silenciosa todos os acontecimentos, e refletia sobre eles em seu coração.

20 Os pastores retornaram glorificando e louvando a Deus por tudo quanto tinham visto e ouvido, assim como lhes fora predito.


Jesus é apresentado no templo

21 Completando-se os oito dias para o ritual de circuncisão do menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, o qual já havia sido outorgado pelo anjo antes de Ele nascer.8

22 De igual modo, ao completar-se o tempo da purificação deles, de acordo com a Lei de Moisés, José e Maria levaram o bebê Jesus até Jerusalém para apresentá-lo a Deus no templo.9

23 Assim como está escrito na Lei do Senhor: "Todo primogênito nascido do sexo masculino deverá ser dedicado ao Senhor".

24 Também um sacrifício deveria ser oferecido, como proclama a Lei do Senhor: "duas rolinhas ou dois pombinhos".10


"Nunc Dimittis"

25 Entrementes, havia um homem em Jerusalém chamado Simeão, homem justo e piedoso e que almejava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre Ele.11

26 O Espírito Santo lhe havia revelado que não morreria sem ter a oportunidade de ver o Cristo de Deus.

27 Movido pelo Espírito Santo, ele dirigiu-se ao templo. Assim que os pais trouxeram o menino Jesus para realizarem com Ele o ritual de consagração exigido pela tradição da Lei,

28 Simeão o tomou em seus braços e louvou a Deus, exclamando:

29 "Ó Soberano! Como prometeste, podes agora despedir em paz o teu servo.

30 Porquanto os meus olhos já contemplaram a tua Salvação,12

31 a qual preparaste à vista de todos os povos:

32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel".

33 O pai e a mãe do menino ficaram admirados com a proclamação feita a respeito dele.

34 Então Simeão os abençoou e revelou a Maria, mãe de Jesus: "Eis que este menino está destinado a ser o responsável pela queda e pelo soerguimento de multidões em Israel, e a ser um sinal de contradição,

35 de maneira que a intimidade dos pensamentos de muitos corações será revelada. Quanto a ti, todavia, uma espada traspassará a tua alma".13


As profecias de Ana

36 Estava também presente a profetiza Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era uma senhora de idade avançada; tinha vivido com seu marido durante sete anos depois de se casar,14

37 e desde então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Jamais deixava o templo: adorava a Deus, jejuando e orando dia e noite.

38 Havendo chegado ali, naquele exato momento, deu graças a Deus e proclamava acerca do bebê Jesus para todos os que anelavam pela redenção de Jerusalém".15

39 Depois de terem cumprido tudo quanto era requerido pela Lei do Senhor, retornaram para a sua própria cidade, Nazaré, na Galiléia.

40 E o menino crescia e se fortalecia, tornando-se pleno em sabedoria; e a graça de Deus permanecia sobre Ele.16


O menino Jesus no templo

41 Todos os anos seus pais viajavam até Jerusalém para celebrar a festa da Páscoa.

42 Assim sendo, no ano em que Ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, de acordo com a tradição.17

43 Encerradas as comemorações, voltando seus pais para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles notassem.

44 Imaginando que Ele estivesse entre os muitos companheiros de viagem, caminharam por um dia inteiro. Então começaram a buscá-lo entre os seus parentes e conhecidos.

45 Como não conseguiam encontrá-lo, retornaram a Jerusalém para procurá-lo.

46 Após três dias o acharam no templo, sentado na companhia dos mestres, ouvindo-os e propondo-lhes questões.

47 Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com a sua capacidade intelectual e com a maneira como comunicava suas conclusões.18

48 Assim que seus pais o avistaram, ficaram perplexos. Então sua mãe o inquiriu: "Filho, por que agiste assim conosco? Teu pai e eu nos angustiamos muito à tua procura!".

49 Então Ele lhes perguntou: "Por que me procuráveis? Como não sabíeis que era meu dever tratar de assuntos concernentes ao meu Pai?".

50 Mas eles não compreenderam bem o que lhes explicara.19

51 Contudo, Ele seguiu com eles para Nazaré, pois lhes era obediente. Sua mãe, entretanto, meditava silenciosamente em seu coração sobre todos estes acontecimentos.

52 E Jesus se desenvolvia em sabedoria, estatura e graça na presença de Deus e de todas as pessoas.20



Cap. 3 -
João Batista proclama a Palavra

(Mt 3.1-12; Mc 1.2-8)

1 No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, época em que Pôncio Pilatos foi governador da Judéia; Herodes, tetrarca da Galiléia; seu irmão Filipe, tetrarca da Ituréia e Traconites; e Lisânias, tetrarca de Abilene, e1

2 Anás e Caifás exerciam o ofício de sumo sacerdotes. Foi nesse mesmo ano que João, filho de Zacarias, recebeu uma palavra convocatória do Senhor, no deserto.2

3 Então ele percorreu toda a região próxima ao Jordão, proclamando um batismo de arrependimento para perdão dos pecados.3

4 Assim como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: "Voz do que clama no deserto: 'Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas.

5 Pois que todo o vale será aterrado e todas as montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas se transformarão em retas e os caminhos acidentados serão aplanados.

6 E todos os seres viventes contemplarão a salvação que Deus oferece'".

7 João repreendia as multidões que vinham para ser batizadas por ele: "Raça de víboras! Quem lhes persuadiu a fugir da ira vindoura?4

8 Produzi, então, frutos que demonstrem arrependimento. E não comeceis a cogitar em vossos corações: 'Abraão é nosso pai!'. Pois eu vos asseguro que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão.5

9 O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo".

10 E as multidões lhe rogavam: "O que devemos fazer então?".

11 Diante do que João as exortava: "Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma; e quem possui o que comer, da mesma maneira reparta".

12 Chegaram inclusive alguns publicanos para ser batizados. E indagavam: "Mestre, como devemos proceder?".

13 E João lhes respondeu: "Não deveis exigir nada além do que vos foi prescrito".6

14 Então um grupo de soldados lhe inquiriu: "E quanto a nós, o que devemos fazer?". E ele os orientou: "A ninguém molesteis com extorsões, nem denuncieis falsamente. Contentai-vos com o vosso próprio salário".7


João exalta a Jesus: o Caminho

(Mt 3.11-12; Mc 1.7-8; Jo 1.19-17)

15 A esta altura as pessoas estavam em grande expectativa, imaginando em seus corações se porventura João não seria o Cristo.

16 Então João esclareceu a todos: "Eu, de fato, vos batizo com água. Entretanto, chegará alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno sequer de desamarrar as correias das suas sandálias. Ele sim, vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.8

17 Ele traz uma pá em suas mãos, a fim de limpar a sua eira e juntar o trigo em seu celeiro; todavia queimará a palha com o fogo que jamais se apaga".9

18 E com muitas outras palavras João entusiasmava as multidões e lhes pregava as Boas Novas.

19 Contudo, quando João admoestou Herodes, o tetrarca, por causa de Herodias, mulher do próprio irmão de Herodes, e devido a muitas outras obras perversas que havia praticado,

20 Herodes acrescentou a todas essas maldades a de mandar João para a prisão.10


O batismo e a ascendência de Jesus

(Mt 1.1-17; 3.13; Mc 1.9-11)

21 E ocorreu que, quando todo o povo estava sendo batizado, da mesma maneira Jesus o foi; e no momento em que Ele estava orando, o céu se abriu11

22 e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E do céu surgiu uma voz: "Tu és o meu Filho amado; e em ti me agrado sobremaneira".

23 Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando iniciou seu ministério. Ele era, como se dizia, filho de José; filho de Eli,12

24 filho de Matate, filho de Levi, filho de Melqui, filho de Janai, filho de José,

25 filho de Matatias, filho de Amós, filho de Naum, filho de Esli, filho de Nagai,

26 filho de Máate, filho de Matatias, filho de Semei, filho de José, filho de Jodá,

27 filho de Joanã, filho de Resa, filho de Zorobabel, filho de Salatiel, filho de Neri,

28 filho de Melqui, filho de Adi, filho de Cosã, filho de Elmadã, filho de Er,

29 filho de Josué, filho de Eliézer, filho de Jorim, filho de Matate, filho de Levi,

30 filho de Simeão, filho de Judá, filho de José, filho de Jonã, filho de Eliaquim,

31 filho de Meleá, filho de Mená, filho de Matatá, filho de Natã, filho de Davi,

32 filho de Jessé, filho de Obede, filho de Boaz, filho de Salá, filho de Naassom,

33 filho de Aminadabe, filho de Admim, filho de Arni, filho de Esrom, filho de Peres, filho de Judá,

34 filho de Jacó, filho de Isaque, filho de Abraão, filho de Terá, filho de Naor,

35 filho de Serugue, filho de Ragaú, filho de Faleque, filho de Éber, filho de Salá,

36 filho de Cainã, filho de Arfaxade, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lameque,

37 filho de Matusalém, filho de Enoque, filho de Jarede, filho de Maalaleel, filho de Cainã,

38 filho de Enos, filho de Sete, filho de Adão, filho de Deus.



Cap. 4 -
Jesus vence o ataque satânico

(Mt 4.1-11; Mc 1.12,13)

1 Pleno do Espírito Santo, retornou Jesus do Jordão e foi conduzido pelo Espírito ao deserto,1

2 onde enfrentou as tentações do Diabo por quarenta dias. Durante todos esses dias não comeu nada e, ao fim desse período, estava faminto.

3 Indagou-lhe, então, o Diabo: "Se tu és o Filho de Deus, ordena que esta pedra se transforme em pão".2

4 Mas Jesus lhe contestou: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o ser humano'".

5 Então o Diabo o levou a um lugar muito alto e lhe mostrou, em uma fração de tempo, todos os reinos do mundo.

6 E lhe propôs: "Eu te darei todo o poder sobre eles e toda a glória destes reinos, porque me foram entregues e tenho autoridade para doá-los a quem bem entender.

7 Portanto, se prostrado me adorares, tudo isso será teu!".3

8 Contudo Jesus lhe afirmou: "Está escrito: 'Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto'".

9 Em seguida o Diabo o levou para Jerusalém, e o colocou sobre a parte mais alta do templo e o desafiou: "Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui para baixo.

10 Pois, como está escrito: 'Aos seus anjos ordenará a teu respeito, para que te protejam;

11 eles te sustentarão sobre suas mãos para que não batas com teu pé contra alguma pedra'".4

12 Repreendeu-lhe Jesus: "Dito está! 'Não tentarás o Senhor teu Deus'".

13 E assim, tendo concluído todo o tipo de tentação, o Diabo afastou-se dele até o tempo oportuno.


Jesus volta pleno do Espírito

(Mt 4.12-17; Mc 1.14-15)

14 Então, Jesus retornou para a Galiléia, no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou sua fama.

15 Ensinava nas sinagogas e, de todos, recebia manifestações de grande apreciação.


Jesus é rejeitado pelos seus

(Mt 13.54-58; Mc 6.1-4)

16 Jesus viajou para Nazaré, onde havia sido criado e conforme seu costume, num dia de sábado, entrou na sinagoga. E posicionou-se em pé para fazer a leitura.

17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Desenrolando-o achou o lugar onde está escrito:5

18 "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar o Evangelho aos pobres. Ele me enviou para proclamar a libertação dos aprisionados e a recuperação da vista aos cegos; para restituir a liberdade aos oprimidos,

19 e promulgar a época da graça do Senhor".

20 Em seguida, enrolou novamente o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. E na sinagoga todos estavam com os olhos fixos em sua pessoa.

21 Então Ele começou a pregar-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir".6

22 E todos exclamavam maravilhas sobre Ele, e estavam admirados com as palavras de graça que saíam dos seus lábios. Mas questionavam entre si: "Não é este o filho de José?".

23 No entanto, Jesus lhes replicou: "Com toda a certeza citareis a mim o conhecido provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que soubemos que fizeste em Cafarnaum'".7

24 E continuou a falar Jesus: "Realmente vos afirmo: Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra.

25 No tempo de Elias, posso lhes afirmar com certeza, que havia muitas viúvas em Israel, quando o céu foi fechado por três anos e meio, e grande fome ocorreu em toda a terra.

26 Contudo, Elias não foi mandado a nenhuma delas, senão somente a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom.8

27 Assim também, no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi purificado, a não ser Naamã, o sírio".

28 Então, todos os que estavam na sinagoga foram tomados de grande raiva ao ouvirem tais palavras.9

29 E, levantando-se, expulsaram a Jesus da cidade, levando-o até o topo da colina sobre a qual a cidade havia sido edificada, com o propósito de jogá-lo de lá, precipício abaixo.

30 Todavia, Jesus passou por entre eles, e seguiu seu caminho.10


O poder da Palavra de Jesus

(Mc 1.21-28)

31 Então Jesus desceu para Cafarnaum, cidade da Galiléia, e, noutro sábado, começou a ensinar o povo.

32 E todos ficavam deslumbrados com o seu ensino, pois que sua palavra era ministrada com autoridade.

33 Entrementes, na sinagoga, havia um homem possesso de demônio, ou seja, de um espírito imundo, que berrou com toda a força:11

34 "Ah! Que tu queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste destruir a nós? Sei bem quem tu és: o Santo de Deus!".

35 Mas Jesus o repreendeu, ordenando: "Fica quieto e sai deste homem!". Imediatamente o demônio jogou o homem no chão, perante todos, e saiu dele sem o ferir.

36 Todas as pessoas ficaram maravilhadas e diziam umas às outras: "Que Palavra é esta? Pois até aos espíritos demoníacos Ele dá ordens com autoridade e poder, e eles se vão?".

37 E as notícias a respeito de Jesus se espalhavam por todas as regiões vizinhas.


O poder de Jesus sobre todo o mal

(Mt 8.14-17; Mc 1.29-34)

38 Saindo da sinagoga dirigiu-se Jesus à casa de Simão. A sogra de Simão estava atormentada, ardendo em febre, e rogaram a Jesus que a ajudasse de alguma forma.12

39 Estando Ele em pé próximo a ela, inclinou-se e repreendeu aquela febre, que no mesmo instante a deixou. Ela rapidamente se levantou e passou a servi-los.

40 Ao cair da tarde, o povo trouxe à presença de Jesus todos os que tinham diversos tipos de doenças e Ele os curou, impondo suas mãos sobre cada um deles.

41 Além disso, de várias pessoas saíam demônios gritando: "Tu és o Filho de Deus!". Ele, contudo, os repreendia e não permitia que se expressassem, pois sabiam que Ele era o Cristo.


Jesus ora em solitude ao amanhecer

(Mc 1.35-39)

42 Ao raiar do dia, Jesus foi para um lugar solitário. De outro lado, as multidões o procuravam, e assim que conseguiram chegar ao local onde Ele estava, suplicaram para que não as deixasse.

43 Contudo, Ele ponderou: "É necessário que Eu anuncie também as Boas Novas do Reino de Deus em outras cidades, pois precisamente para isso fui enviado".13

44 E assim, prosseguia pregando pelas sinagogas da Palestina.14



Cap. 5 - Jesus convoca seus discípulos

(Mt 4.18-22; Mc 1.16-20; Jo 1.35-42)

1 E aconteceu que, num determinado dia, Jesus estava próximo ao lago de Genesaré, e uma multidão o espremia de todos os lados para ouvir a Palavra de Deus.1

2 Ele observou junto à beira do lago dois barcos, deixados ali pelos pescadores, que havendo desembarcado, cuidavam de lavar suas redes.

3 Então, entrou num dos barcos, o que pertencia a Simão, e lhe solicitou que o afastasse um pouco da praia. E, assentando-se, do barco ensinava o povo.2

4 Assim que acabou de ministrar, dirigiu-se a Simão e aos demais, e lhes pediu: "Ide para onde as águas são mais profundas e lançai as vossas redes para a pesca!".

5 Ao que lhe replicou Simão: "Mestre, tendo trabalhado durante a noite toda, não pegamos nada. Todavia, confiando em tua Palavra, lançarei as redes.3

6 Assim procederam e pegaram enorme quantidade de peixes, tanto que as redes começaram a se romper.

7 Por esse motivo acenaram aos seus amigos no outro barco, para que viessem ajudá-los. Eles chegaram e lotaram ambos os barcos, a ponto de começarem a afundar.4

8 Diante de tamanho evento, Simão se prostrou aos pés de Jesus e declarou: "Afasta-te de mim, Senhor, pois sou homem pecador!".

9 Porquanto, ele e seus companheiros estavam maravilhados com a pesca que haviam realizado,5

10 assim como de Tiago e João, os filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Todavia, Jesus revela a Simão: "Não tenhas medo; a partir deste momento tu serás um pescador de vidas humanas".6

11 Então, eles arrastaram seus barcos para a praia, renunciaram a todas as coisas e seguiram a Jesus.7


Jesus cura um homem leproso

(Mt 8.1-4; Mc 1.40-45)

12 Estando Jesus em uma das cidades, eis que um homem coberto de lepra veio em sua direção. Assim que contemplou a Jesus, ajoelhou-se e colocando o rosto rente ao chão, suplicou-lhe: "Senhor! Se for da tua vontade, sei que podes me purificar".8

13 Jesus estendeu a mão, tocou nele e proferiu: "Quero. Sê purificado!". E, no mesmo instante a lepra se retirou daque-le homem.

14 Em seguida, Jesus lhe ordenou:"Não fales sobre este acontecimento a ninguém; porém, vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação os sacrifícios que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo.9

15 Contudo, as notícias a respeito de Jesus se espalhavam ainda mais, de maneira que multidões convergiam para ouvi-lo e para serem curadas de suas enfermidades.

16 Todavia, Jesus procurava manter-se afastado, indo para lugares solitários, onde ficava orando.


Jesus cura um homem paralítico

(Mt 9.1-8; Mc 2.1-12)

17 Num outro dia, quando Jesus ministrava, estavam sentados ali fariseus e professores da Lei, vindos de todos os povoados da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder de Deus para realizar curas.10

18 Chegaram, então, uns homens trazendo um paralítico numa maca e tentaram fazê-lo entrar na casa, a fim de apresentá-lo perante Jesus.

19 Não tendo sucesso nessa tentativa, devido à grande multidão aglomerada, subiram ao terraço e o baixaram em sua maca, através de uma abertura no teto, até o meio da multidão, bem diante de Jesus.11

20 Observando a fé que aqueles homens demonstravam, Jesus declarou: "Homem! Os teus pecados estão perdoados".12

21 Diante disto, os escribas e os fariseus começaram a cogitar: "Quem é este que profere blasfêmias? Quem tem poder para perdoar pecados, a não ser somente Deus?".13

22 Jesus, entretanto, tendo pleno discernimento do que estavam pensando, questionou-lhes: "Que censurais em vossos corações?

23 Que é mais fácil declarar: 'Os teus pecados estão perdoados', ou 'Levanta-te e anda'?14

24 Todavia, para que vos certifiqueis de que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados" – dirigindo-se ao paralítico declarou – "Eu te ordeno: Levanta-te! Pega a tua maca e vai para casa".

25 Então, naquele mesmo instante, o homem se levantou diante de todos os presentes, pegou a maca em que estivera prostrado e correu para casa louvando e bendizendo a Deus.15

26 E todos ficaram estupefatos e glorificavam a Deus; e, tomados de grande temor, exclamavam: "Hoje vimos grandes prodígios!".


Jesus torna um publicano em discípulo

(Mt 9.9-13; Mc 2.13-17)

27 Passados estes eventos, saindo Jesus, encontrou-se com um publicano, chamado Levi, sentado à mesa da coletoria, e o convocou: "Segue-me!".

28 Levi levantou-se, abandonou tudo e seguiu a Jesus.16


Jesus num banquete com pecadores

(Mt 9.10-13; Mc 2.15-17)

29 Então Levi ofereceu a Jesus uma grande festa em sua casa; e uma multidão de publicanos e de outras pessoas estava à mesa comendo com eles.

30 Os fariseus e seus escribas reclamaram dos discípulos de Jesus: "Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?".

31 Ao que Jesus lhes ponderou: "Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os enfermos.

32 Eu não vim para convocar os justos, mas sim, para chamar os pecadores ao arrependimento!".17


Jesus é questionado quanto ao jejum

(Mt 9.14-17; Mc 2.18-22)

33 Em seguida eles lhe observaram: "Os discípulos de João jejuam e oram com grande freqüência, assim como os discípulos dos fariseus; no entanto, os teus vivem comendo e bebendo".18

34 Jesus então lhes propôs: "Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o próprio noivo?

35 Contudo, dias virão, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, verdadeiramente, jejuarão".19

36 E lhes acrescentou esta parábola para pensar: "Ninguém tira um remendo de roupa nova e o costura sobre roupa velha; se o fizer, certamente estragará a roupa nova; e, além disso, o remendo novo jamais se ajustará à velha roupa.

37 Da mesma maneira, não há alguém que coloque vinho novo em recipiente de couro velho. Ora, se o fizer, o vinho novo, ao fermentar, arrebentará o recipiente, se derramará e danificará o recipiente onde fora colocado.

38 Ao contrário! O vinho novo deve ser posto em um recipiente de couro novo.

39 Pois, pessoa alguma, depois de beber o vinho velho, prefere o novo; porquanto se diz: 'O vinho velho é bom o suficiente!'".20



Cap. 6 - Jesus é Senhor do Sábado

(Mt 12.1-14; Mc 2.23-28)

1 Em um certo dia de sábado, enquanto Jesus caminhava pelos campos, onde se plantavam cereais, seus discípulos começaram a colher e a debulhar espigas com as mãos, e se alimentavam dos grãos.1

2 Foi quando alguns dos fariseus os inquiriram: "Por que fazeis o que não é permitido durante o sábado?".

3 Então Jesus os questionou: "Nem ao menos tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os seus companheiros?

4 Pois ele entrou na casa de Deus e, tomando os pães da Presença, alimentou-se do que apenas aos sacerdotes era permitido comer, e os entregou de igual modo aos seus amigos".

5 E Jesus lhes asseverou: "O Filho do homem é Senhor do sábado!".2


O homem da mão atrofiada

(Mt 12.9-14; Mc 3.1-6)

6 Num outro sábado, Ele entrou na sinagoga e iniciou o seu ensino; e estava ali um homem cuja mão direita era atrofiada.

7 Os doutores da Lei e os fariseus estavam ávidos para achar algum motivo pelo qual pudessem acusar Jesus; e por isso o observavam com toda a atenção, a fim de perceber se Ele o haveria de curar durante o sábado.

8 Todavia, Jesus tinha conhecimento do que eles pensavam, mesmo assim pediu ao homem da mão atrofiada: "Levanta-te, vem à frente e permanece em pé aqui no meio". E o homem se levantou e atendeu a Ele.3

9 Jesus então dirigiu-se a eles: "Eu vos apresento uma questão: O que é permitido realizar no sábado: o bem ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?".

10 E Jesus olha atentamente para cada um dos que estão à sua volta e ordena ao homem: "Estende a tua mão!". O homem a estendeu, e ela foi instantaneamente restaurada.

11 Contudo, eles ficaram enraivecidos e começaram a tramar entre si sobre que fim dariam a Jesus.4


Jesus escolhe seus doze apóstolos

(Mc 3.13-19)

12 E ocorreu naquela ocasião que Jesus se retirou para um monte a fim de orar, e atravessou toda a noite em oração a Deus.5

13 Logo ao nascer do dia, convocou seus discípulos e escolheu dentre eles, doze, a quem também designou como apóstolos:6

14 Simão, a quem deu o nome de Pedro; seu irmão André; Tiago; João; Filipe; Bartolomeu;

15 Marcos; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, conhecido como Zelote;

16 Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.7


Jesus cura e liberta multidões

(Mc 4.23-25)

17 Então, desceu Jesus com os apóstolos e parou num lugar plano. Estavam ali reunidos muitos dos seus discípulos, e uma enorme multidão vinda de toda a Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidom,8

18 pessoas que vieram para serem ensinadas por Ele e curadas de suas doenças. Aqueles que eram atormentados por espíritos impuros foram curados,

19 e cada pessoa da multidão procurava tocar nele, pois dele emanava poder que curava a todos.


As bem-aventuranças

(Mt 5.1-12)

20 Então, dirigindo o olhar para os seus discípulos, Jesus lhes declarou:9

"Bem-aventurados vós, os pobres, porquanto a vós pertence o Reino de Deus.10

21 Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados.

Bem-aventurados vós, que neste momento estais chorando, pois haveis de sorrir.

22 Bem-aventurados sois, quando as pessoas vos odiarem, vos expulsarem do convívio delas, vos insultarem, e excluírem vosso nome, julgando-o execrável, por causa do Filho do homem.

23 Regozijai-vos nesse dia e saltai de alegria, porquanto imensa é a vossa recompensa no céu. Pois, desta mesma maneira, os seus antepassados agiram contra os profetas.11


Os pesares de Jesus

24 Porém, ai de vós, os ricos! Pois já ganharam toda a vossa consolação.

25 Ai de vós, que viveis agora em fartura, porque vireis a passar fome.12 Ai de vós, que agora rides, pois haveis de muito lamentar e prantear.

26 Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porquanto, foi assim também que agiram os vossos antepassados com os falsos profetas.


Jesus ensina a amar aos inimigos

(Mt 5.38-48)

27 Contudo, tenho a declarar a vós outros que me estais ouvindo: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam;

28 abençoai aos que vos amaldiçoam, orai pelos que vos acusam falsamente.13

29 Ao que te bate numa face, oferece-lhe igualmente a outra; e, ao que tirar a tua capa, não o impeças de tirar-te também a túnica.14

30 Dá sempre a todo aquele que te pede; e, se alguém levar o que te pertence, não lhe exijas que o devolva.

31 Como quereis que as pessoas vos tratem, assim fazei a elas da mesma maneira.

32 Pois se amais os que vos amam, que galardão pode haver nisso? Porquanto, até mesmo os ímpios amam aqueles que os amam.

33 E se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é o vosso mérito? Até os infiéis agem deste mesmo modo.

34 E ainda, se emprestais àqueles de quem esperais receber de volta, qual é a vossa recompensa? Também os incrédulos emprestam aos incrédulos, a fim de receberem seu retorno desejado.15

35 Concluindo, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem se desesperar por receber de volta. Então, sendo assim, grande será o vosso prêmio, e sereis filhos do Altíssimo. Porquanto Ele é bondoso até mesmo para com os ingratos e ímpios.

36 Sede misericordiosos para com os outros, assim como vosso Pai é misericordioso para convosco.16


Não cabe ao discípulo julgar o próximo

(Mt 7.1-5)

37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.

38 Dai sempre, e recebereis sobre o vosso colo uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante; generosamente vos darão. Portanto, à medida que usares para medir o teu próximo, essa mesma será usada para vos medir.17


Parábola do cego que conduz outro cego

39 Então, Jesus lhes propôs também uma parábola: "É possível um cego guiar outro cego? Não acontecerá que ambos venham a cair em algum buraco?18

40 O discípulo não pode estar acima do seu mestre e; entretanto, todo aquele que completar condignamente seu aprendizado, será como seu mestre.

41 Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão e não percebes o tronco que está no teu próprio olho?

42 Como poderás advertir a teu irmão dizendo: 'Irmão! Permita que eu tire o cisco do teu olho', se tu mesmo nem sequer notas o tronco que repousa no teu olho? Hipócrita! Retira, antes de tudo, a trave do teu olho e, só assim, verás com nitidez para tirar o cisco que está no olho de teu irmão.19


Parábola da árvore e seu fruto

(Mt 7.24-27)

43 Não existe árvore boa produzindo mau fruto; nem inversamente, uma árvore má produzindo bom fruto.

44 Pois cada árvore é conhecida pelos seus próprios frutos. Não é possível colher-se figos de espinheiros, nem tampouco, uvas de ervas daninhas.

45 Uma pessoa boa produz do bom tesouro do seu coração o bem, assim como a pessoa má, produz toda a sorte de coisas ruins a partir do mal que está em seu íntimo, pois a boca fala do que está repleto o coração.20


A parábola do sábio e do insensato

(Mt 7.24-27)

46 E por que me chamais: 'Senhor, Senhor', e não praticais o que Eu vos ensino?

47 Eu vos revelarei com quem se compara àquela pessoa que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica.

48 É como se fosse um homem que, ao construir sua casa, cavou fundo e firmou os alicerces sobre a rocha. E sobrevindo grande enchente, o rio transbordou e as muitas águas avançaram sobre aquela casa, mas a casa não se abalou, por ter sido solidamente edificada.

49 Entretanto, aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, é como um homem que construiu sua casa sobre a terra, sem alicerces. No momento em que as muitas águas chocaram-se contra ela, a casa caiu, e a sua destruição foi total".21



Cap. 7 - Um centurião revela sua fé em Jesus

(Mt 8.5-13)

1 Havendo concluído suas instruções aos discípulos e ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum.

2 E o servo de um centurião, a quem este muito estimava, estava doente e à beira da morte.1

3 O centurião havia ouvido falar de Jesus e, por isso, lhe enviou alguns líderes religiosos dos judeus, pedindo que fosse curar seu servo.

4 Então, aproximando-se de Jesus, apelaram-lhe com muitas súplicas: "Este é um homem que merece que lhe concedas esse favor,

5 pois trata nosso povo com elevada consideração, e ele mesmo construiu nossa sinagoga".

6 Então Jesus seguiu com eles. Mas, ao chegarem nas proximidades da residência, o centurião enviou-lhe alguns amigos para lhe entregarem a seguinte notícia: "Senhor, não te incomodes, porque sei que não sou digno de receber-te sob o teto da minha casa.

7 Por isso, nem mesmo me considerei merecedor de ir ao teu encontro. Mas ordena, com uma só palavra, e o meu servo será curado.

8 Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu comando. Mando a um: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz.2

9 Ao ouvir esta declaração, Jesus muito se admirou dele e, voltando-se para a multidão que o acompanhava, exclamou: "Asseguro-vos que nem mesmo em Israel encontrei uma fé como esta".

10 E aconteceu que os homens que haviam sido enviados, retornaram para a casa do centurião, e ao chegarem lá, encontraram o servo dele totalmente curado.3


Jesus ressuscita um jovem na multidão

11 No dia seguinte, partiu Jesus para uma cidade chamada Naim, e com ele caminhavam seus discípulos e uma grande multidão.4

12 Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade a acompanhava.

13 Ao observá-la, o Senhor se compadeceu dela e a encorajou: "Não chores!".5

14 E aproximando-se, tocou no esquife. Então, os que o carregavam pararam. E Jesus exclamou: "Jovem! Eu te ordeno: levanta-te!".

15 No mesmo instante, o jovem que estivera morto se pôs sentado, e começou a conversar, e assim Jesus restituiu o jovem à sua mãe.6

16 Todos foram tomados de grande temor e louvavam a Deus proclamando: "Grande profeta foi levantado entre nós!" e "Deus veio salvar o seu povo!".

17 Estas notícias a respeito de Jesus circularam por toda a Judéia e regiões circunvizinhas.7


João manda saber quem é Jesus

(Mt 11.2-6)

18 Então, os discípulos de João lhe relataram todos esses acontecimentos. E João, chamando dois deles,

19 enviou-os ao Senhor para lhe perguntar: "És Tu aquele que estava para chegar ou havemos de esperar outro?".8

20 Assim que os discípulos de João se aproximaram de Jesus lhe explicaram: "João Batista mandou-nos para vos indagar: 'És Tu aquele que estava para chegar ou havemos de esperar outro?'".

21 E naquela mesma hora Jesus curou muitos de doenças e todos os tipos de sofrimento, bem como de espíritos malignos, e concedeu visão a muitos que eram cegos.

22 E, depois disto, declarou aos mensageiros: "Ide e relatai a João tudo o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e o Evangelho é pregado aos pobres.

23 E mais, bem-aventurado é aquele que não se escandalizar por minha causa!".9


Jesus confere honras a João

(Mt 11.7-19)

24 Havendo partido os mensageiros de João, passou Jesus a testemunhar às multidões acerca da pessoa e da obra de João: "Que saístes a ver no deserto? Um caniço movido de um lado para o outro pelo vento?

25 Que saístes a contemplar? Um cavalheiro vestido de roupas finas? Ora, os que vestem roupas suntuosas se entregam ao luxo e vivem em delícias estão nos palácios.

26 Afinal, que fostes observar? Um profeta? Eu vos asseguro que sim, e muito mais do que um profeta.

27 Este é aquele a respeito de quem está escrito: 'Eis que enviarei o meu mensageiro à tua frente; pois ele preparará o teu caminho diante de Ti'.

28 Eu vos afirmo que dentre os nascidos de mulher não há um ser humano maior do que João. Todavia, o menor no Reino de Deus é maior do que ele".10

29 E todo o povo, inclusive os publicanos, ao ouvirem as palavras de Jesus, reconheceram que o caminho de Deus era justo, e se submeteram ao batismo de João.11

30 Entretanto, os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus para eles próprios, e não se dispuseram a ser batizados por ele.12

31 "Sendo assim, a que compararei as pessoas da presente geração?", prosseguiu Jesus, "Com que se assemelham?".

32 "Ora, são como crianças que ficam sentadas na praça e gritam umas às outras: 'Nós vos tocamos flauta, e vós não dançastes; entoamos lamentações e vós não chorastes'.

33 Assim tendes agido, pois veio João Batista, que não come pão e não bebe vinho, e julgais: 'Este está com demônio!'.

34 Então chegou o Filho do homem, comendo pão e bebendo vinho, e condenais: 'Eis aí um glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores!'.

35 Todavia, os filhos da Sabedoria reconhecem e acolhem as suas obras".13


Uma pecadora unge a Jesus

36 Tendo sido convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se, como era o costume, junto à mesa.14

37 Assim que tomou conhecimento que Jesus estava reunido à mesa, na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma pecadora, trouxe um frasco de alabastro cheio de perfume.

38 E, posicionando-se atrás de Jesus, prostrou-se a seus pés e começou a chorar. Suas lágrimas molharam os pés de Jesus, mas ela, em seguida os enxugou com os próprios cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.

39 Diante de tal cena, o fariseu que o havia convidado falou consigo mesmo: "Se este homem fora de fato profeta, bem saberia quem nele está tocando e que espécie de mulher ela é: uma pecadora!".15

40 Então, voltou-se Jesus para o fariseu e lhe propôs: "Simão, tenho algo para dizer-te". Ao que ele aquiesceu: "Sim, Mestre, dize-me".

41 "Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinqüenta.

42 Nenhum dos dois tinha com que pagar, por isso o credor decidiu perdoar a dívida de ambos. Qual deles o amará mais?".

43 Replicou-lhe Simão: "Imagino que aquele a quem foi perdoada a dívida maior". Ao que Jesus o congratulou: "Julgaste acertadamente!".

44 Então, virou-se em direção à mulher e declarou a Simão: "Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me trouxeste água para lavar os pés, como é o costume. Esta, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com os próprios cabelos.

45 Da mesma maneira, tu não me saudaste com um beijo na face, como é tradicional; ela, todavia, desde que cheguei não cessa de me beijar os pés.

46 E mais, tu não me ungiste a cabeça com óleo, como era de se esperar, mas esta mulher, com puro bálsamo, ungiu os meus pés.

47 Por tudo isso, te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foram todos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado.

48 Em seguida, Jesus afirmou à mulher: "Perdoados estão todos os teus pecados!".

49 Então, os demais convidados começaram a comentar: "Quem é este que pode até perdoar pecados?".

50 E Jesus revela à mulher: "A tua fé te salvou; vai-te em permanente paz".16



Cap. 8 - As muitas discípulas de Jesus

1 Havendo passado esses acontecimentos, caminhava Jesus por todos os povoados e cidades proclamando as boas novas do Reino de Deus, e os Doze estavam com Ele.1

2 E também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, conhecida como Madalena, de quem haviam saído sete demônios;

3 Joana, esposa de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres cooperavam no sustento deles com seus bens.2


A parábola do semeador

(Mt 13.1-9; Mc 4.1-9)

4 E ocorreu que uma grande multidão se reuniu, e pessoas de todas as cidades vieram ouvir a Jesus. Foi quando Ele lhes propôs a seguinte parábola:3

5 "Eis que um semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi pisoteada, e as aves do céu a devoraram.

6 Outra parte caiu sobre as rochas e, quando germinou, as plantas secaram, pois não havia umidade suficiente.

7 Outra parte ainda, caiu entre os espinhos, que com ela cresceram e sufocaram suas plantas.

8 Todavia, uma outra parte, caiu em boa terra. Germinou, cresceu e produziu grande colheita, a cem por um". Tendo concluído esta parábola, exclamou: "Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!".4


Jesus explica a parábola

(Mt 13.10-23; Mc 4.10-20)

9 Seus discípulos lhe perguntaram o que Ele queria comunicar com aquela parábola.

10 Ao que Ele lhes replicou: "A vós outros é concedido saber os mistérios do Reino de Deus; aos demais, contudo, anuncio através de parábolas, para que 'vendo, não vejam; e ouvindo, não compreendam'.5

11 Eis, portanto, o esclarecimento desta parábola: A semente é a Palavra de Deus.

12 As que caíram à beira do caminho representam todos os que ouvem, mas então chega o Diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não venham a crer e não sejam salvos.

13 As que caíram sobre as rochas simbolizam os que recebem a Palavra com alegria assim que a ouvem, contudo não possuem raiz. Crêem por um período, mas desistem no tempo da provação.6

14 As que caíram entre os espinhos, significam os que ouvem; todavia, ao seguirem seu caminho, são sufocados pelas muitas ansiedades, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não conseguem amadurecer.

15 No entanto, as que caíram em boa terra, são os que, de bom coração e com sinceridade, ouvem a Palavra, a entesouram, e com perseverança, frutificam.7


A parábola da luz manifesta

(Mc 4.21-25)

16 Não há ninguém que, depois de acender uma candeia, a esconda debaixo de um jarro ou a coloque sob a cama. Ao contrário, coloca-a num lugar apropriado, de maneira que todos aqueles que entram, vejam o resplandecer da luz.8

17 Porquanto não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz.

18 Assim sendo, vede, pois, como ouvis; porque ao que tiver, mais se lhe concederá; e ao que não tiver, até mesmo aquilo que imagina possuir lhe será tirado".9


Os fiéis formam a família de Jesus

(Mt 12.46-50; Mc 3.31-35)

19 Então a mãe e os irmãos de Jesus vieram para falar com Ele, entretanto, não conseguiam aproximar-se dele, pois grande era a multidão à sua frente.10

20 Certa pessoa comunicou a Jesus: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam ver-te".

21 Contudo, Ele lhe replicou: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a praticam!".


A tempestade é neutralizada por Jesus

(Mt 8.23-27; Mc 4.35-41)

22 E aconteceu que, em um daqueles dias, ao entrar no barco, pediu Jesus aos seus discípulos: "Passemos para a outra margem do lago", e partiram.

23 Enquanto navegavam, Ele adormeceu. E abateu-se sobre o lago uma grande tempestade com fortes ventos, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam o risco de naufragar.

24 Então os discípulos correram para acordá-lo, exclamando: "Mestre! Mestre, estamos a ponto de morrer!". Ele se levantou e repreendeu a tempestade e a violência das águas. Tudo então se acalmou e houve perfeita paz.

25 Jesus, no entanto, dirigiu-se aos seus discípulos e indagou: "Onde está a vossa fé?". Mas eles, amedrontados e maravilhados, interrogavam uns aos outros: "Quem é este que até aos ventos e às ondas dá ordens, e eles lhe obedecem?".11


A libertação de um endemoninhado

(Mt 8.28-34; Mc 5.1-20)

26 Zarparam então, para a região dos gerasenos, que se localiza do outro lado do lago, na fronteira da Galiléia.

27 Assim que Jesus desembarcou, foi ao encontro dele um homem daquela cidade, possesso de demônio que, fazia muito tempo, não usava roupas, nem habitava em casa alguma, mas vivia nos sepulcros.12

28 Ao contemplar Jesus, berrou, prostrou-se aos seus pés e exclamou com voz forte: "Que desejas comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Imploro a Ti, não me castigues!"

29 Porquanto Jesus ordenara ao espírito imundo que abandonasse o corpo daquele homem. Diversas vezes o demônio havia se apoderado dele. Mesmo com os pés e as mãos acorrentados, e vigiado por guardas, arrebentava as cadeias e os grilhões, e era impelido pelo demônio para lugares desolados.

30 Jesus lhe inquiriu: "Qual é o teu nome?". Ao que ele replicou: "Legião!", pois eram muitos os demônios que tinham invadido aquele homem.13

31 E suplicavam a Jesus que não os mandasse para o Abismo.

32 Entrementes, uma grande manada de porcos estava pastando naquela colina. Os demônios imploraram que Jesus lhes permitisse entrar nos porcos. E Jesus consentiu.

33 Então, saindo do homem, os demônios invadiram os porcos, e a manada jogou-se precipício abaixo em direção ao grande lago e todos os porcos se afogaram.

34 Ao observar tudo o que acontecera, as pessoas responsáveis pelo cuidado dos porcos fugiram e foram contar esses fatos na cidade e pelos campos.14


Um homem geraseno se torna discípulo

(Mt 8.34; Mc 5.14-20)

35 E ocorreu que o povo saiu para ver o que tinha sucedido. Quando se aproximaram de Jesus, viram aquele homem de quem os demônios haviam saído, assentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e todos ficaram apavorados.

36 As pessoas que haviam testemunhado todos os fatos, contaram também como fora liberto aquele homem dos muitos demônios que o haviam tomado.15

37 Então, todo o povo da região dos gerasenos rogou a Jesus para que se retirasse de suas terras, pois estavam aterrorizados.

38 Contudo, o homem de quem haviam sido expulsos os demônios, implorava-lhe que o deixasse ir com Ele; mas Jesus despediu-se, recomendando-lhe:

39 "Volta para tua casa e compartilha tudo quanto Deus fez por ti!". E assim o homem partiu, e anunciou na cidade inteira todas as obras que Jesus havia realizado em sua vida.16


A súplica do dirigente da sinagoga

(Mt 9.18-19; Mc 5.21-24)

40 Assim que Jesus regressou, a multidão o recebeu com grande júbilo, pois todos o estavam aguardando com ansiedade.

41 Eis que se aproximou de Jesus um homem chamado Jairo, que era dirigente da sinagoga local, e, prostrando-se aos pés de Jesus, lhe implorou que fosse até a sua casa.

42 Pois tinha uma filha única com cerca de doze anos, que estava à beira da morte. E, enquanto Ele caminhava, as multidões o comprimiam.


A cura de uma mulher no caminho

(Mt 9.20-22; Mc 5.24-34)

43 Nas proximidades estava certa mulher que, havia doze anos, vinha sofrendo de hemorragia e já tinha gasto tudo o que podia com os médicos, mas ninguém fora capaz de curá-la.

44 Ela conseguiu se aproximar de Jesus, por trás, e tocou na borda de seu manto, quando no mesmo instante se lhe cessou completamente a hemorragia.

45 Ao que Jesus indagou: "Quem tocou em mim?" Como todos negassem, Pedro pondera: "Mestre, a multidão se aglomera e te espreme. E, ainda assim, desejas saber quem te tocou?

46 Contudo, Jesus insistiu: "Certamente alguém me tocou, pois senti que de mim emanou poder!".

47 Então a mulher, compreendendo que não haveria de passar despercebida, aproximou-se tremendo e prostrou-se aos pés de Jesus. E, diante de todo o povo, declarou o motivo pelo qual o tocara daquela maneira, e como naquele mesmo momento fora totalmente curada.

48 Ao que Jesus lhe afirmou: "Filha! A tua fé te curou; vai-te em perfeita paz".17


Jesus ressuscita a filha de Jairo

(Mt 9.23-25; Mc 5.35-43)

49 Falava Ele ainda, quando chegou uma pessoa da casa do dirigente da sinagoga, informando: "Tua filha já está morta. Não adianta mais incomodar o Mestre".18

50 Ao ouvir tais notícias, Jesus declarou a Jairo: "Não temas, tão-somente crê, e ela será salva!".

51 Assim que chegou à casa de Jairo, não permitiu que ninguém entrasse com Ele, a não ser Pedro, João, Tiago, bem como, o pai e a mãe da menina.

52 Enquanto isso, grande comoção atingiu a multidão, e todos choravam e se lamentavam por ela. Diante disto Jesus os encorajou: "Não pranteeis! Ela não está morta, mas dorme".19

53 E muitos zombavam dele, pois tinham certeza de que ela estava morta.

54 Entretanto, Ele a tomou pela mão e, em voz alta, lhe ordenou: "Menina, levanta-te!".

55 Imediatamente o espírito dela retornou, e no mesmo momento ela se levantou, e Ele mandou que lhe dessem algo para comer.

56 Os pais da menina ficaram maravilhados, contudo Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém o que se passara ali.20



Cap. 9 - Jesus envia os Doze em missão

(Mt 10.1-15; Mc 6.7-13)

1 Havendo Jesus convocado os Doze, concedeu-lhes poder e completa autoridade para expulsar todos os demônios, assim como para realizarem curas.1

2 Igualmente os enviou para proclamar o Reino de Deus e curar os doentes.

3 E lhes orientou: "Nada leveis convosco pelo caminho: nem bordão, nem mochila de viagem, nem pão, nem dinheiro e nem mesmo uma túnica extra.

4 Na casa em que entrardes, ali permanecei até que chegue a hora da vossa saída.2

5 Porém, se não vos receberem, sacudi o pó das vossas sandálias assim que sairdes daquela cidade, como testemunho contra aquela gente".3

6 E assim, partiram os Doze e percorreram todos os povoados, pregando o evangelho e realizando curas por toda a parte.4


Herodes tenta encontrar Jesus

(Mt 14.1-12; Mc 6.14-29)

7 O tetrarca Herodes ouviu comentários sobre o que estava ocorrendo e ficou assustado, pois algumas pessoas divulgavam que João havia ressuscitado dos mortos.

8 Outros, alegavam que Elias tinha ressurgido; e outros ainda falavam que um dos profetas do passado havia voltado à vida.

9 Herodes, entretanto, afirmava: "Eu mandei decapitar a João; quem é, pois, este a respeito do qual tenho ouvido tais coisas?". E se empenhava por conhecê-lo.5


A primeira multiplicação dos pães

(Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Jo 6.1-15)

10 Entrementes, ao regressarem os apóstolos, relataram a Jesus tudo quanto tinham realizado. Então Ele os levou consigo, e retiraram-se para uma cidade chamada Betsaida.

11 Contudo, as multidões ficaram sabendo, e o seguiram. Ele as acolheu, e ensinava-lhes acerca do Reino de Deus, e atendia a todos que tinham necessidade de qualquer cura.

12 Ao cair da tarde, os Doze se aproximaram de Jesus e lhe sugeriram: "Despede a multidão para que possam ir aos campos vizinhos e aos povoados, e encontrem alimento e pousada, pois aqui estamos em lugar desabitado".

13 No entanto, Ele lhes ordenou: "Dai-lhes vós algo com que possam se alimentar". Mas eles replicaram: "Não temos nada além de cinco pães e dois peixes, a não ser que compremos comida para todo esse povo".

14 Pois estavam ali reunidos cerca de cinco mil homens. Ele, então, orientou aos seus discípulos: "Fazei-os sentar em grupos de cinqüenta pessoas".

15 E assim procederam os discípulos, e todos se assentaram.

16 Então, tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo o olhar em direção ao céu, deu graças e os partiu. Em seguida, entregou-os aos discípulos para que os servissem para toda a multidão.

17 E aconteceu que todas as pessoas se alimentaram até ficarem plenamente satisfeitas, e os discípulos recolheram doze cestos repletos de pedaços que haviam sobrado.6


Pedro confessa que Jesus é o Cristo

(Mt 16.13-20; Mc 8.27-30)

18 Certa ocasião, estava Jesus orando em particular, e com Ele estavam seus discípulos; então lhes indagou: "Quem as multidões afirmam que sou Eu?".7

19 Ao que eles replicaram: "Alguns comentam que és João Batista; outros, Elias; e ainda outros afirmam que és um dos profetas do passado que ressuscitou".

20 "Mas vós", inquiriu Jesus, "quem dizeis que Eu Sou?". Então Pedro tomou a palavra e declarou: "És o Cristo de Deus!".8


Jesus prediz sua morte e ressurreição

(Mt 17.1-8; Mc 9.2-8)

21 Então Jesus os preveniu veementemente e ordenou que a ninguém revelassem esse fato.

22 E acrescentou: "Pois é necessário que o Filho do homem passe por muitos sofrimentos e venha a ser rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei; seja assassinado e, ao terceiro dia, ressuscite".9


Tome a sua cruz e siga a Jesus

(Mt 16.24-28; Mc 8.34 – 9.1)

23 E Jesus proclamava às multidões: "Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia, e caminhe após mim.

24 Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará.

25 Porquanto, de que adianta ao ser humano ganhar o mundo inteiro, mas perder-se ou destruir a si mesmo?10

26 Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem, igualmente, se envergonhará dele, quando voltar em sua glória e sob as honrarias do Pai e dos santos anjos.

27 Com certeza vos asseguro que alguns que aqui se encontram, de modo algum passarão pela morte antes de verem o Reino de Deus".11


Alguns vêem a glória de Jesus

(Mt 17.1-13; Mc 9.2-13)

28 Passados quase oito dias após o pronunciamento destas palavras, Jesus tomou consigo a Pedro, João e Tiago e subiu a um monte para orar.

29 Enquanto orava, a aparência do seu rosto foi se transformando e suas roupas ficaram alvas e resplandeceram como o brilho de um relâmpago.

30 Então, surgiram dois homens que começaram a conversar com Jesus. Eram Moisés e Elias.

31 Apareceram em glorioso esplendor e falavam sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém.

32 Pedro e seus amigos estavam dormindo profundamente, mas despertaram de súbito, e viram a fulgurante glória de Jesus e os dois homens que permaneciam com Ele.

33 Quando estes iam se afastando de Jesus, Pedro sugeriu: "Mestre, como é bom que estejamos aqui! Vamos erguer três tabernáculos: um será teu, outro para Moisés, e outro, de Elias". Mas Pedro não sabia, ao certo, o que estava propondo.

34 Entretanto, enquanto ele ainda falava, uma nuvem surgiu e os encobriu, e grande foi o temor que sentiram os discípulos ao verem aqueles homens desaparecerem dentro da espessa nuvem.

35 Então, dela propagou-se uma voz, afirmando: "Este é o meu Filho, o Escolhido; a Ele dai toda atenção!"

36 Passado o som daquela voz, Jesus ficou só. Os discípulos, então, guardaram o que viram e ouviram somente para si; durante aquele tempo não compartilharam com ninguém o que acontecera.12


A cura de um menino possesso

(Mt 17.14-23; Mc 9.14-32)

37 No dia seguinte, assim que desceram do monte, uma grande multidão veio ao encontro de Jesus.13

38 De repente, um homem surgiu do meio da multidão clamando em alta voz : "Mestre! Suplico-te que socorras meu filho, o meu único filho!

39 Um espírito se apodera dele; e no mesmo instante faz o menino berrar, joga-o no chão, provoca-lhe convulsões até espumar pela boca, jamais o deixa por muito tempo, e por meio de muitos ferimentos o está destruindo.

40 Roguei aos teus discípulos que expulsassem o espírito maligno, mas eles não conseguiram".

41 Então, declarou Jesus: "Ó geração sem fé e perversa! Até quando estarei convosco e sofrerei com vossa incredulidade? Trazei-me aqui o teu filho".14

42 Enquanto o menino caminhava em sua direção, o demônio o lançou por terra, em convulsão. Porém Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou de volta a seu pai.

43 Diante disto, todos ficaram pasmos perante o poder majestoso de Deus.15


Jesus prediz a sua morte outra vez

(Mt 17.22-23; Mc 9.33-37)

E, enquanto todas as pessoas estavam maravilhadas com seus feitos, todos prodigiosos, Ele comunicou aos seus discípulos:

44 "Dai toda a vossa atenção às palavras que vos passo a revelar: o Filho do homem está prestes a ser entregue nas mãos dos homens".

45 Todavia, eles não conseguiam entender o significado de tais palavras, pois foi-lhes vedado esse entendimento, a fim de que não as compreendessem. E tinham receio de pedir mais explicações a Jesus a este respeito.


Quem é o maior no Reino?

(Mt 18.1-5; Mc 9.33-41)

46 Emergiu entre os discípulos uma discussão sobre quem, dentre eles, seria o maior.

47 Mas, Jesus, conhecendo os seus anseios mais íntimos, tomou uma criança e a colocou em pé, ao seu lado.

48 Então afirmou: "Quem recebe esta criança em meu Nome, recebe a minha própria pessoa; e quem me recebe, está recebendo Aquele que me enviou. Portanto, aquele que entre vós for o menor, este sim, é grandioso".16


Jesus não aprova o sectarismo

(Mc 9.38-40)

49 Então replicou João: "Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome e nos dispusemos a tentar impedi-lo, pois afinal, ele não caminha conosco.

50 Jesus, entretanto, lhes advertiu: "Não o proibais! Pois quem não é contra vós outros, está a vosso favor".17


Jesus não é aceito pelos samaritanos

51 E ocorreu que, ao se cumprirem os dias em que seria elevado aos céus, Jesus manifestou em seu semblante a firme resolução de ir em direção a Jerusalém.18

52 E, por isso, enviou mensageiros à sua frente. Indo estes, chegaram a um povoado samaritano a fim de lhe preparar pousada.

53 Contudo, o povo daquela aldeia não o recebeu por notar que Ele estava prioritariamente a caminho de Jerusalém.

54 Diante de tal situação, os discípulos Tiago e João, propuseram: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para que sejam aniquilados?".

55 Mas Jesus, mirando-os, admoestou-lhes severamente: "Não sabeis vós de que espécie de espírito sois?

56 Ora, o Filho do homem não veio com o objetivo de destruir a vida dos seres humanos, mas sim para salvá-los!". E assim, rumaram para um outro povoado.19


O alto custo do discipulado

(Mt 8.19-22)

57 Quando estavam andando pelo caminho, uma pessoa declarou a Jesus: "Eu te seguirei por onde quer que andares".

58 Mas Jesus lhe replicou: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça".20

59 Entretanto, a outro homem fez um convite: "Segue-me!" Ele, contudo, argumentou: "Senhor, permite-me ir primeiramente sepultar meu pai".

60 Todavia, insistiu Jesus: "Deixa os mortos sepultarem os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e proclama o Reino de Deus".21

61 Outro ainda lhe prometeu: "Senhor, eu te acompanharei, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares".

62 Ao que Jesus lhe asseverou: "Ninguém que coloca a mão no arado, e fica contemplando as coisas que deixou para trás, é apto para o Reino de Deus".22



Cap. 10 - Jesus envia setenta e dois discípulos

1 Havendo passado estes acontecimentos, o Senhor nomeou outros setenta e dois; e os enviou de dois em dois, adiante dele, a todas as cidades e lugares que Ele estava prestes a visitar.1

2 E lhes recomendou: "A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da plantação que mande obreiros para fazerem a colheita.2

3 Portanto, ide! Eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos.3

4 Não leveis bolsa, nem mochila de viagem, nem sandálias; e a ninguém saudeis longamente pelo caminho.

5 Assim que entrardes numa casa, dizei em primeiro lugar: 'Paz seja para esta casa!'4

6 Se morar ali um filho da paz, a vossa bênção de paz repousará sobre ele; caso não haja, ela voltará para vós.

7 Permanecei naquele domicílio. Comei e bebei do que vos for oferecido, pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis a mudar de casa em casa.5

8 Quando entrardes em uma cidade e ali fordes bem recebidos, alimentai-vos do que for colocado diante de vós.

9 Curai os doentes que houver na cidade e proclamai-lhes: O Reino de Deus está à vossa disposição!

10 No entanto, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saí por suas ruas e exclamai a todos:

11 'Até a poeira da vossa cidade, que se nos pegou às sandálias, sacudimos contra vós outros!'. Apesar disto, sabei que o Reino de Deus está próximo.

12 Eu vos asseguro que, naquele Dia, haverá mais tolerância para Sodoma do que para aquela cidade.6


Ai daqueles que não se arrependem

(Mt 11.20-24)

13 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se as maravilhas que foram realizadas entre vós o fossem em Tiro e Sidom, há muito tempo elas teriam se arrependido, vestindo roupas de saco e cobrindo-se de cinzas.

14 Contudo, no Juízo haverá menor rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.

15 E tu, Cafarnaum: serás, porventura, elevada até ao céu? Não! Serás derrubada até o Hades.7

16 Portanto, qualquer pessoa que vos der ouvidos, a mim está dando ouvidos; mas aquele que vos rejeitar, estará rejeitando a mim mesmo; e quem me rejeitar, rejeita Aquele que me enviou".


Os setenta e dois regressam felizes

17 Então, os setenta e dois discípulos retornaram muito felizes e relataram: "Senhor! Até os demônios se submetem ao nosso comando, em teu Nome".

18 Ao que Jesus lhes revelou: "Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago.

19 Atentai! Eu vos tenho dado autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, assim como sobre todo o poder do inimigo, e nada nem ninguém vos fará qualquer mal.

20 Contudo, regozijai-vos, não apenas porque os espíritos vos obedecem, mas sim porque os vossos nomes estão inscritos nos céus".8


A grande alegria de Jesus no Espírito

(Mt 11.25-27)

21 Naquele mesmo momento, Jesus exultando no Espírito Santo exclamou: "Ó Pai, Senhor do céu e da terra! Louvo a ti, pois ocultaste estas verdades dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Amém, ó Pai, porque Tu tiveste a alegria de proceder assim.9

22 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai; e nenhuma pessoa sabe quem é o Pai, senão o Filho e aqueles a quem o Filho o desejar revelar".10

23 Então, mirando os seus discípulos, declarou-lhes em particular: "Bem-aventurados são os olhos de quem vê as revelações que vós vedes.11

24 Pois vos asseguro que muitos profetas e reis almejaram ver o que estais vendo, mas não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram".


A parábola do bom samaritano

25 Certa vez, um advogado da Lei levantou-se com o propósito de submeter Jesus à prova e lhe indagou: "Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?".12

26 Ao que Jesus lhe propôs: "O que está escrito na Lei? Como tu a interpretas?".

27 E ele replicou: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e com toda a tua capacidade intelectual' e 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'".

28 Então, Jesus lhe afirmou: "Respondeste corretamente; faze isto e viverás".13

29 Ele, no entanto, insistindo em justificar-se, questionou a Jesus: "Mas, quem é o meu próximo?".14

30 Diante do que Jesus lhe responde assim: "Certo homem descia de Jerusalém para Jericó, quando veio a cair nas mãos de alguns assaltantes, os quais, depois de lhe roubarem tudo e o espancarem, fugiram, abandonando-o quase morto.

31 Coincidentemente, descia um sacerdote pela mesma estrada. Assim que viu o homem, passou pelo outro lado.

32 Do mesmo modo agiu um levita; quando chegou ao lugar, observando aquele homem, passou de largo.

33 Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, assim que o viu, teve misericórdia dele.15

34 Então, aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Em seguida, colocou-o sobre seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.

35 No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe recomendou: 'Cuida deste homem, e, se alguma despesa tiverdes a mais, eu reembolsarei a ti quando voltar'.

36 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?

37 Declarou-lhe o advogado da Lei: "O que teve misericórdia para com ele!". Ao que Jesus lhe exortou: "Vai e procede tu de maneira semelhante".


A adoração de Marta e Maria

38 Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa.16

39 Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo o que Ele ensinava.

40 Marta estava inquieta, ocupada com os muitos afazeres. E, aproximando-se de Jesus inquiriu-lhe: "Senhor, não te importas de que minha irmã tenha me deixado só com todo o serviço? Peça-lhe, portanto, que venha ajudar-me!".

41 Orientou-lhe o Senhor: "Marta! Marta! Andas ansiosa e te afliges por muitas razões.

42 Todavia, uma só causa é necessária. Maria, pois, escolheu a melhor de todas, e esta não lhe será tirada".



Cap. 11 - O ensino de Jesus sobre a oração

(Mt 6.5-15; 7.7-12)

1 Certa ocasião, Jesus estava orando em um determinado lugar; quando concluiu, um dos seus discípulos lhe solicitou: "Senhor, ensina-nos orar, assim como João ensinou aos discípulos dele".1

2 Então, Ele passou a ensiná-los: "Quando orardes, dizei: Pai! Santificado seja o teu Nome; venha o teu Reino;2

3 o pão nosso de cada dia, continua nos dando hoje e sempre.

4 Perdoa-nos os nossos pecados, pois assim também devemos perdoar a todos que erram contra nós. E não nos deixes sucumbir à tentação, mas livra-nos do Maligno".3


A parábola do amigo insistente

5 E acrescentou-lhes Jesus: "Imaginai que um de vós tenha um amigo e que precise recorrer a ele à meia-noite e lhe peça: 'Amigo, empresta-me três pães,

6 porque um amigo meu acaba de chegar de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer'.

7 E o que estiver dentro da casa lhe responda: 'Não me incomodes. A porta já está fechada, e eu e meus filhos já estamos deitados. Não posso me levantar e dar-te o que me pedes'.

8 Eu vos afirmo que, embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da insistência se levantará e lhe dará tudo o que precisar.


Jesus ensina perseverança na oração

(Mt 7.7-11)

9 Portanto, vos asseguro: Pedi, e vos será concedido; buscai e encontrareis; batei e a porta será aberta para vós.

10 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate se lhe abrirá.

11 Qual pai, dentre vós, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra?

12 Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?

13 Ora, se vós, apesar de serdes maus, sabeis dar o que é bom aos vossos filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem!".4


Uma casa dividida não prospera

(Mt 12.22-32; Mc 3.20-30)

14 De outra feita, Jesus expulsou um demônio que estava mudo. Assim que o demônio saiu, o homem falou, e a multidão ficou maravilhada.

15 Entretanto, alguns deles O censuraram: "Ora, ele expulsa os demônios pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios!".

16 E outros ainda, apenas para prová-lo, pediam dele um sinal do céu.5

17 Mas, conhecendo Ele o que se lhes passava pela mente, afirmou-lhes: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado; da mesma forma que uma casa dividida contra si mesma ruirá.

18 Ora, se assim também Satanás estiver dividido contra si mesmo, como é possível que seu reino subsista? Expresso-me desta forma pois dizeis que Eu expulso demônios por Belzebu.

19 Sendo assim, se Eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.

20 Todavia, se é pelo dedo de Deus que Eu expulso os demônios, então, com toda certeza, é chegado o Reino de Deus sobre vós.

21 Quando um homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus bens estão seguros.6

22 Mas, quando alguém mais forte o ataca e o vence, tira-lhe a armadura em que confiava e divide os bens que lhe restaram.

23 Toda pessoa que não está comigo, contra mim está, e aquele que comigo não ajunta, espalha.7


A maneira de agir de Satanás

(Mt 12.43-45)

24 Quando um espírito sai de uma pessoa, passa por lugares áridos procurando refrigério, mas não o encontrando, então cogita: 'Voltarei para a casa de onde saí'.

25 Assim que chega, encontra a casa varrida e em ordem.

26 Então vai e traz outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E a situação final daquela pessoa torna-se pior do que a primeira".8


Felizes os que recebem a Palavra

27 Entrementes, enquanto Jesus comunicava esses ensinos, uma mulher da multidão exclamou: "Bem-aventurada aquela que te deu à luz, e os seios que te amamentaram!".

28 Ele, porém, afirmou: "Antes disso, mais felizes são todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e lhe obedecem".9


O sinal de Jonas

(Mt 12.38-42)

29 Enquanto as multidões convergiam em sua direção, Jesus passou a admoestar-lhes: "Esta é uma geração perversa! Pede um sinal miraculoso, mas nenhum sinal lhe será concedido, a não ser o sinal de Jonas.10

30 Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, o Filho do homem o será para esta geração.

31 A rainha do Sul se levantará, no dia do Juízo, juntamente com os homens desta geração e os condenará, pois ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão.

32 A população de Nínive se levantará, no dia do Juízo, com esta geração e a condenará; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas. Contudo, agora aqui está quem é maior do que Jonas.11


A parábola da candeia

(Mt 6.22-23)

33 Ninguém acende uma candeia e a coloca em lugar onde fique escondida, nem debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a num local apropriado, para que os que entram na casa possam ver seu luminar.

34 São os teus olhos a luz do teu corpo; se teus olhos forem humildes, todo o teu corpo será cheio de luz. Porém se teus olhos forem malignos, todo o teu corpo estará tomado pelas trevas.12

35 Certifica-te, pois, que o fulgor que há no teu interior não sejam trevas.

36 Portanto, se todo o teu corpo estiver pleno de luz, sem ter nenhuma parte dele em trevas, então ele estará verdadeiramente iluminado, assim como quando a luz de uma forte candeia resplandece sobre vós".


Jesus condena a hipocrisia religiosa

37 Ao concluir essas palavras, um fariseu o convidou para comer em sua companhia. Jesus, aceitando, foi e reclinou-se junto à mesa conforme o costume.13

38 Entretanto, o fariseu, notando que Jesus não se lavara de acordo com a tradição cerimonial que antecede às refeições, ficou surpreso.

39 Então o Senhor lhe declarou: "Vós, fariseus, purificais o exterior do copo e do prato; mas vosso interior está entulhado de avareza e perversidade.

40 Insensatos! Aquele que criou o exterior não criou igualmente o interior?14

41 Portanto, dai ao necessitado do que está dentro do prato, e vereis que tudo vos será purificado.15

42 Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, contudo, praticar essas virtudes, sem deixar de proceder daquela forma.

43 Ai de vós, fariseus! Pois amais os lugares de honra nas sinagogas e as saudações em público!

44 Ai de vós, porque sois como sepulturas que não são vistas, por sobre as quais os homens andam sem o saber!".16


Ai dos doutores da Lei!

45 Então, um dos advogados da Lei advertiu a Jesus: "Mestre, quando dizes essas palavras, também nos ofendes a nós outros!".

46 Todavia, Ele afirmou: "Ai de vós também, advogados da Lei! Porque sobrecarregais as pessoas com fardos que dificilmente podem carregar; no entanto, vós mesmos não levantais um só dedo para ajudá-las.17

47 Ai de vós! Porque edificais os túmulos dos profetas, sendo que foram os vossos próprios antepassados que os assassinaram.

48 Assim, sois testemunhas e aprovais com cumplicidade essas obras dos vossos antepassados; porquanto eles mataram os profetas, e vós lhes edificais os túmulos.

49 Por isso, também, Deus advertiu em sua sabedoria: 'Eu vos enviarei profetas e apóstolos, dos quais assassinarão alguns, e a outros perseguirão'.

50 Pelo que, esta geração será considerada responsável pelo sangue de todos os profetas, derramado desde o início do mundo:18

51 desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, Eu vos asseguro, contas de tudo isso deverão ser prestadas por esta geração!19

52 Ai de vós, advogados da Lei! Porque vos apropriastes da chave do conhecimento. Contudo, vós mesmos não entrastes nem permitistes que entrassem aqueles que estavam prestes a entrar".20


A trama para matar Jesus tem início

53 Enquanto Jesus se afastava dali, começaram os fariseus e os mestres da Lei a criticá-lo com veemência, buscando confundi-lo acerca de muitos assuntos.

54 Tudo isso para tentar extrair de suas próprias palavras algum motivo para o acusarem formalmente.



Cap. 12 - Os fiéis devem evitar a hipocrisia

1 Enquanto isso, uma multidão de milhares de pessoas, aglomerava-se, a ponto de pisotearem uma às outras. Foi quando Jesus começou a ensinar primeiramente aos discípulos, prevenindo-os: "Acautelai-vos com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.1

2 Pois não existe nada escondido que não venha a ser revelado, ou oculto que não venha a ser conhecido.

3 Porque tudo o que dissestes nas trevas será ouvido em plena luz, e o que sussurrastes ao pé do ouvido, no interior de quartos fechados, será proclamado do alto das casas.2


Jesus ensina o temor do Senhor

4 Eu vos afirmo, meus amigos: não temais os que podem matar o corpo; todavia, além disso, nada mais conseguem fazer.

5 Contudo, Eu vos revelarei a quem deveis temer: temei Aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar a alma no inferno. Sim, Eu vos afirmo, a esse deveis temer.3

6 Não se costuma vender cinco pardais por duas pequenas moedas? Entretanto, nenhum deles deixa de receber o cuidado de Deus.

7 Portanto, até os fios de cabelo da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Valeis muito mais do que milhares de pardais.4


Testemunhe sua fé ao mundo

8 Digo-vos mais: todo aquele que me confessar diante das pessoas, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus.

9 No entanto, o que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.

10 Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais receberá perdão.5

11 Quando vos levarem forçados às sinagogas e perante governantes e autoridades, não vos preocupeis quanto à maneira que deveis responder, nem tampouco quanto ao que tiverdes de falar.

12 Porquanto, naquele momento, o Espírito Santo vos ministrará tudo o que for necessário dizer".6


Jesus condena a avareza

13 E aconteceu que, nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe requereu: "Mestre, ordena a meu irmão que divida comigo a herança".

14 Porém Jesus lhe replicou: "Homem, quem me designou juiz ou negociador entre vós?".7

15 Em seguida lhes advertiu: "Tende cautela e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porquanto a vida de uma pessoa não se constitui do acúmulo de bens que possa conseguir".8


A parábola do rico insensato

16 E lhes propôs uma parábola: "As terras de certo homem rico produziram com abundância.

17 E ele começou a pensar consigo mesmo: 'Que farei agora, pois não tenho onde armazenar toda a minha colheita?'.

18 Então lhe veio à mente: 'Já sei! Derrubarei os meus celeiros e construirei outros ainda maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens.

19 E assim direi à minha alma: tens grande quantidade de bens, depositados para muitos anos; agora tranqüiliza-te, come, bebe e diverte-te!

20 Contudo, Deus lhe afirmou: 'Tolo! Esta mesma noite arrebatarei a tua alma. E todos os bens que tens entesourado para quem ficarão?'.

21 Isso também acontece com quem poupa riquezas para si mesmo, mas não é rico para com Deus".9


Os fiéis não devem viver ansiosos

(Mt 6.25-34)

22 Então, dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus os exortou: "Portanto, vos afirmo: não andeis preocupados com a vossa própria vida, quanto ao que haveis de comer, nem muito menos com o vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir.

23 Porquanto a vida é mais preciosa do que o alimento, e o corpo, mais importante do que as roupas.10

24 Observai os corvos, os quais não semeiam, nem ceifam, não possuem armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais valeis vós do que as aves!

25 Quem de vós, por mais ansioso que possa estar, é capaz de prolongar, por um pouco que seja, a duração da sua vida?

26 Considerando que vós não podeis fazer nada em relação às pequenas coisas da vida, por que vos preocupais com todas as outras?11

27 Olhai as flores do campo; elas não fiam, nem tecem. Eu, todavia, vos asseguro que nem mesmo Salomão, em todo o seu esplendor, pôde se vestir como uma delas.

28 Ora, se Deus veste assim uma simples erva do campo, que hoje vive e amanhã é lançada ao fogo, muito mais dará a vós, vestindo-vos de glória, homens fracos na fé!

29 Não procurareis, pois, ansiosamente, o que haveis de comer ou beber; não empenhareis o vosso coração nessas preocupações.12

30 Porquanto o mundo pagão é que peleja por essas coisas; entretanto, o vosso Pai sabe perfeitamente que as necessitais.

31 Buscai, pois, em primeiro lugar, o Reino de Deus, e todas as demais coisas vos serão providenciadas.

32 Nada temais, pequeno rebanho, pois de bom grado o Pai vos concedeu o seu Reino.13

33 Vendei os vossos bens e ajudai os que não têm recursos; fazei para vós outros bolsos que não se gastem com o passar do tempo, tesouro acumulado nos céus que jamais se acaba, onde ladrão algum se aproxima, e nenhuma traça o poderá corroer.

34 Por isso, onde estiverem os vossos bens mais preciosos, certamente aí também estará o vosso coração.14


A parábola do servo leal e do infiel

35 Estejais prontos para servir, e conservai acesas as vossas candeias.15

36 Sede vós semelhantes aos servos, quando esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, assim que chegar e anunciar-se, possais abrir-lhe a porta sem demora.

37 Felizes aqueles servos a quem o Senhor, quando vier, os encontre vigilantes; com toda a certeza vos asseguro que Ele se vestirá para os servir, fará que se reclinem ao redor da mesa, e pessoalmente irá ao encontro deles para servi-los.16

38 Ainda que Ele chegue durante a alta noite ou ao raiar do dia, bem-aventurados os servos que o senhor encontrar preparados.

39 Compreendei, entretanto isto: se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o assaltante, não permitiria que a sua casa fosse invadida.17

40 Ficai também vós alertas, pois o Filho do homem virá no momento em que menos o esperais".

41 Então, Pedro indagou: "Senhor, estás propondo esta parábola para nós ou para todas as pessoas?".18

42 Ao que o Senhor lhe asseverou: "Quem é, portanto, o administrador fiel, que age com bom senso, a quem seu senhor encarrega dos seus servos, para ministrar-lhes sua porção de alimento no tempo devido?

43 Feliz o servo a quem o seu senhor surpreender agindo dessa maneira quando voltar.

44 Asseguro-vos que Ele o encarregará de todos os seus bens.

45 Todavia, imaginai que esse servo pense consigo mesmo: 'Meu senhor tarda demais a voltar', e por isso comece a agredir os demais servos e servas, entregando-se à glutonaria e à embriaguez.

46 Entretanto, o senhor daquele servo voltará no dia em que ele menos espera e num momento totalmente imprevisível e o punirá com todo o rigor e lhe condenará ao lugar dos infiéis.19

47 Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem age para agradá-lo, será castigado com extrema severidade.

48 Contudo, aquele que não conhece a vontade do seu senhor, mas praticou o que era sujeito a castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais ainda será requerido.20


Jesus veio trazer fogo à terra

49 Eu vim para trazer fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse em chamas!21

50 Tenho, porém, que passar por um batismo; e muito me angustio até que ele se consuma!

51 Pensai que Eu vim para trazer paz à terra? Não, Eu vo-lo asseguro. Ao contrário, vim trazer separação!

52 De agora em diante haverá cinco em uma família, todos divididos uns contra os outros: três contra dois e dois contra três.

53 Estarão em litígio pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra mãe, sogra contra nora e nora contra sogra".


Discernindo o final dos tempos

54 Então admoestava Ele à multidão: "Quando vedes surgir uma nuvem na direção do pôr-do-sol, logo dizeis que é sinal de chuva, e, de fato, assim ocorre.

55 Também, quando sentis soprar o vento sul, proclamais: 'Haverá calor!', e acontece como previstes.

56 Hipócritas! Sabeis muito bem interpretar os sinais da terra e do céu. Como não conseguis discernir os sinais do tempo presente?22


Buscar a paz enquanto há tempo

57 E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?

58 Quando um de vós estiver caminhando com seu adversário em direção ao magistrado, fazei tudo o que estiver ao vosso alcance para se reconciliar com ele; isso para que ele não vos conduza ao juiz, e o juiz vos entregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça vos jogue no cárcere.

59 Eu vos asseguro que não saireis da prisão enquanto não pagardes o último centavo devido".23



Cap. 13 - Os impenitentes perecerão

1 Naquela mesma época, alguns dos que estavam presentes foram dizer a Jesus que Pilatos havia misturado o sangue de alguns galileus com os próprios sacrifícios que ofereciam.1

2 Ao que Jesus lhes advertiu: "Julgais que esses galileus fossem mais pecadores do que todos os demais galileus, por haverem sofrido dessa forma?

3 Pois Eu vos asseguro que não! Todavia, se não vos arrependerdes, todos vós, se-melhantemente perecereis.2

4 Ou pensais vós, que aquelas dezoito pessoas, sobre as quais desabou a torre de Siloé e as matou eram mais culpadas que todos os outros habitantes de Jerusalém?

5 Com certeza não eram, Eu vo-lo afirmo. Porém, se não vos arrependerdes, todos vós, da mesma maneira perecereis.3


A parábola da figueira estéril

6 Em seguida, Jesus lhes propôs a seguinte parábola: "Certo homem possuía uma figueira cultivada em meio a uma grande plantação de videiras; contudo, vindo procurar fruto nela, não encontrou nem ao menos um.4

7 E, por isso, recomendou ao vinicultor: 'Este é o terceiro ano que venho buscar os frutos desta figueira e não acho. Sendo assim, podes cortá-la! Para que está ela ainda ocupando inutilmente a boa terra?'.5

8 O vinicultor, porém, lhe rogou: 'Senhor, deixa-a ainda por mais um ano, e eu cuidarei dela, cavando ao seu redor e a adubando.

9 Se vier a dar fruto no próximo ano, muito bem; caso contrário, mandarás cortá-la!'".6


Uma mulher é curada no sábado

10 Aconteceu em certo sábado, quando Jesus estava ensinando numa das sinagogas,

11 que se aproximou uma mulher possuída há dezoito anos por um espírito de enfermidade que a mantinha doente. Ela caminhava encurvada, sem condição alguma de se endireitar.

12 Ao observá-la, Jesus pediu que viesse à frente e lhe afirmou: "Mulher, estás livre da tua enfermidade".

13 Em seguida, lhe impôs as mãos; e naquele mesmo instante ela se endireitou, e passou a glorificar a Deus.

14 Entretanto, o dirigente da sinagoga, indignado ao ver Jesus curando no sá-bado, admoestou a multidão: "Há seis dias em que se deve trabalhar; vinde, portanto, nesses dias para serdes curados e não no sábado!".7

15 Então o Senhor exclamou: "Hipócritas! Porventura, cada um de vós não desamarra, no sábado, o seu boi ou jumento do estábulo e o leva dali para servir-lhe água?

16 Sendo assim, por qual motivo não se deveria libertar, em dia de sábado, esta mulher, uma filha de Abraão, a quem Satanás escravizava por dezoito anos?"8

17 Havendo Jesus pronunciado estas palavras, todos os seus oponentes se envergonharam. De outro lado, o povo muito se alegrava diante de todos os sinais miraculosos que estavam sendo realizados por Jesus.


A parábola do grão de mostarda

(Mt 13.31-32; Mc 4.30-32)

18 Então Jesus os questionou: "Com o que se assemelha o Reino de Deus? Com o que o compararei?

19 É parecido com o germinar do grão de mostarda que uma pessoa semeou em sua horta. O grão cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu armaram ninhos sobre seus ramos".9


A parábola do fermento

(Mt 13.33)

20 Novamente Jesus levanta a questão: "A que assemelharei o Reino de Deus?

21 É comparável ao trabalho do fermento, que uma mulher misturou com três medidas de farinha, e toda a massa ficou levedada!".10


Estreita é a porta do Reino

22 Mais tarde, seguiu Jesus a percorrer muitas outras cidades e povoados, ensinando e caminhando em direção a Jerusalém.11

23 Foi quando alguém lhe indagou: "Senhor, haverão de ser poucos os salvos?".

24 E Ele lhes exortou: "Esforçai-vos por adentrar pela porta estreita, pois Eu vos asseguro que muitas pessoas procurarão entrar e não conseguirão.

25 Quando o proprietário da Casa tiver levantado e fechado a porta, e vós, do lado de fora, começardes a bater, excla-mando: 'Senhor, abre-nos a porta!' Ele, contudo, vos responderá: 'Não vos co-nheço, nem sei de onde sois vós!'.

26 E vós insistireis: 'Comíamos e bebía-mos reclinados ao redor da Tua mesa, e pregavas em nossas ruas'.

27 No entanto, Ele vos afirmará: 'Não vos conheço, tampouco sei de onde sois. Re-tirai-vos para longe de mim, vós todos os que viveis a praticar o mal!'

28 Ali haverá grande lamento e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaque e Jacó, bem como todos os profetas no Reino de Deus, mas vós, porém, absolutamente excluídos.

29 Pessoas virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e ocuparão seus lugares à grande mesa no Reino de Deus.

30 Com toda a certeza, existem últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão os últimos".12


O lamento profético de Jesus

(Mt 23.37-39)

31 Naquele mesmo momento, alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e lhe avisaram: "Parte agora mesmo e vai-te daqui, pois Herodes intenta matar-te!".13

32 Ele, entretanto, lhes ordenou: "Ide anunciar a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia estarei pronto.14

33 Contudo, prosseguirei meu caminho hoje, amanhã e depois de amanhã. Afinal, nenhum profeta deve morrer fora de Jerusalém!15

34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vós não o aceitastes!16

35 Eis que a vossa Casa vos ficará desabitada! E, com toda a certeza vos asseguro, que não mais me vereis até que venhais a proclamar: 'Bendito o que vem em nome do Senhor!".17



Cap. 14 - Jesus cura um hidrópico no sábado

1 Certo sábado, chegando Jesus para comer na casa de um importante fariseu, todos o observavam com atenção.1

2 E aconteceu que à frente dele estava um homem doente, com o corpo todo inchado.2

3 Jesus indagou aos fariseus e aos mestres na Lei: "É permitido ou não curar no sábado?".

4 Eles, todavia, ficaram em silêncio. Jesus, por sua vez, tomando o homem pela mão o curou e despediu-se dele.

5 Em seguida, lhes questionou: "Qual de vós, se o seu jumento ou boi cair num poço, não o salvará rapidamente, ainda que seja dia de sábado?".3

6 Diante disto, eles ficaram sem palavras para responder.


Os humildes serão exaltados

7 Observando como os convidados escolhiam os lugares de maior destaque ao redor da mesa, Jesus lhes propôs uma parábola:4

8 "Quando por alguém fores convidado para um banquete de casamento, não busques o lugar de honra; pois é possível que tenha sido convidada também outra pessoa, ainda mais digna do que tu.

9 Sendo assim, o anfitrião que aos dois convidou, se aproximará e te pedirá: 'Dá o lugar onde estás a este'. Então, sob grande humilhação, irás ocupar o último lugar.5

10 Por esse motivo, quando fores convidado, dá preferência aos lugares menos importantes, de forma que, quando passar o anfitrião do banquete, te saúde exaltando: 'Amigo! Vem, assume um lugar mais importante'. E assim serás honrado na presença de todos os convidados.

11 Portanto, todo o que se promove será envergonhado; mas o que a si mesmo se humilha receberá exaltação".6

12 Então Jesus dirige-se ao que o havia convidado e lhe exorta: "Quando deres um banquete ou um jantar, não convides os teus amigos, irmãos, ou parentes, nem teus vizinhos ricos; se assim procederes, eles poderão, da mesma maneira, convidar-te, e desta forma sempre serás re-compensado.

13 Pelo contrário, ao dares uma grande ceia, convida os pobres, os deficientes físicos, os mutilados e os que não podem ver.

14 Feliz serás tu, porque estes não têm como te pagar. Entretanto, receberás tua régia recompensa na ressurreição dos justos".7


A parábola do grande banquete

(Mt 22.1-14)

15 Ora, ao ouvir tais ensinos, um dos que estavam reclinados ao redor da mesa, enunciou: "Feliz será aquele que partilhar do pão no banquete do Reino de Deus!".8

16 Jesus, contudo, declarou: "Certo homem estava preparando um notável banquete e convidou muitas pessoas.

17 Próximo à hora do início da ceia, enviou seu servo para anunciar aos que haviam sido convidados: 'Vinde! Eis que tudo está preparado para vós'.

18 Contudo, um por um, começaram a declinar com desculpas. O primeiro alegou: 'Acabei de adquirir uma grande propriedade, e preciso ir vê-la. Por favor, queiras desculpar-me!'.

19 Outro conviva explicou-se: 'Acabei de comprar cinco juntas de bois e preciso ir experimentá-las. Rogo-te que me tenhas por perdoado!'.

20 E outro ainda argumentou: 'Acabo de me casar, e por esse motivo, não posso ir'.9

21 Diante disso, voltou o servo e tudo relatou ao seu senhor. Então, o dono da casa irou-se sobremaneira e ordenou ao seu servo: 'Sai agora mesmo para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos'.

22 Mais tarde lhe relatou o servo: 'Tudo o que o senhor mandou está feito conforme a tua vontade, mas ainda há lugar!'.

23 Então ordenou o senhor ao seu servo: 'Ide por vários caminhos e atalhos e os que encontrar obriga-os a entrar, para que a minha casa fique repleta.

24 Porquanto vos asseguro que nenhum daqueles que previamente foram convidados provará da minha ceia'".10


O custo de ser discípulo de Cristo

25 Milhares de pessoas acompanhavam Jesus; então, dirigindo-se à multidão lhes declarou:

26 "Se alguém deseja seguir-me e ama a seu pai, sua mãe, sua esposa, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até mesmo a sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo.11

27 Da mesma forma, todo aquele que não carrega a sua própria cruz e segue após mim não pode ser meu discípulo.12

28 Porquanto, qual de vós, desejando construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o custo do empreendimento, e avalia se tem os recursos necessários para edificá-la?

29 Para não acontecer que, havendo providenciado os alicerces, mas não podendo concluir a obra, todas as pessoas que a contemplarem inacabada zombem dele,

30 proclamando: 'Este homem começou grande construção, mas não foi capaz de terminá-la!'13

31 Ou ainda, qual é o rei que, pretendendo partir para guerrear contra outro rei, não se assenta primeiro para analisar se com dez mil soldados poderá vencer aquele que vem enfrentá-lo com vinte mil?

32 Se chegar à conclusão de que não poderá vencer, enviará uma delegação, estando o inimigo ainda longe, e solicitará suas condições de paz.

33 Assim, portanto, todo aquele dentre vós que não renunciar a tudo quanto de mais estimado possui não pode ser meu discípulo.14

34 Portanto, bom é o sal, mas ainda ele, se perder o sabor, como restaurá-lo?

35 Não serve nem para o solo nem mesmo para adubo; será apenas lançado fora. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!".15



Cap. 15 - Jesus come com os pecadores

1 E aconteceu que todos os pecadores, como os coletores de impostos e pessoas de má fama estavam se reunindo para ouvir a Jesus.

2 Entretanto, os fariseus e os mestres da Lei o censuravam murmurando: "Este saúda e se mistura a pessoas desqualificadas e ainda partilha do pão com elas".1


A parábola da ovelha perdida

(Mt 18.10-14)

3 Foi então que Jesus lhes propôs a seguinte parábola:2

4 "Qual, dentre vós, é homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no campo as noventa e nove e vai em busca da que se extraviou, até que a encontre?3

5 E assim que a encontra, coloca-a por sobre os ombros cheio de júbilo

6 e ruma para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e anuncia: 'Alegrai-vos comigo, pois hoje encontrei minha ovelha perdida'.

7 Eu vos afirmo que, da mesma maneira, haverá muito mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não carecem de arrependimento.4


A parábola da moeda perdida

8 Ou ainda, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?

9 E, tendo-a achado, reúne suas amigas e vizinhas e proclama: 'Alegrai-vos comigo, porque agora achei minha dracma perdida'.

10 Eu vos asseguro que, de igual modo, há grande júbilo na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende".5


A parábola do filho perdido

11 E Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos.

12 O mais novo reivindicou do seu pai: 'Pai, dá-me a parte da herança a que tenho direito'. E consentindo, o pai repartiu sua propriedade entre eles.6

13 Não se passou muito tempo, e o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, partindo para terras distantes; e lá esbanjou todos os seus bens, vivendo de forma irresponsável.

14 Coincidentemente, após haver gasto tudo o que possuía, abateu-se sobre toda aquela região uma grande fome, e ele começou a passar muita necessidade.7

15 Por esse motivo foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o campo a fim de cuidar dos porcos.8

16 Ali, chegou a ter vontade de encher o estômago com as vagens de alfarrobeira com as quais os porcos eram alimentados, no entanto, ninguém lhe dava absolutamente nada.

17 Foi quando, caindo em si, falou consigo mesmo: 'Quantos empregados de meu pai têm comida com fartura, e eu aqui, morrendo de fome!9

18 Levantar-me-ei, tomarei o caminho de volta para meu pai, e ao chegar lhe confessarei: Pai, pequei contra o céu e contra ti.

19 Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores'.

20 E, logo em seguida, levantou-se e saiu na direção do pai. Vinha caminhando ele ainda distante, quando seu pai o viu e, pleno de compaixão, correu ao encontro do seu filho, e muito o abraçou e beijou.

21 Então, o filho lhe declarou: 'Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho!'.

22 Entretanto, o pai ordenou aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o com distinção, ponde-lhe o anel de autoridade e as sandálias de filho.10

23 Também trazei o novilho gordo e o preparai. Comamos, façamos uma grande festa e regozijemo-nos!

24 Porquanto este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado'. E começaram a celebrar o seu regresso.11

25 Entrementes, o filho mais velho estava no campo. Quando foi se aproximando da casa do pai, ouviu o som da música e das danças.

26 Então chamou um dos servos e indagou-lhe sobre o que estava acontecendo.

27 Este informou: 'Teu irmão regressou, e teu pai mandou matar o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo!'.

28 Mas o filho mais velho encheu-se de ira, e negou-se a entrar. Então o pai saiu e insistiu com ele.12

29 Porém ele replicou ao pai: 'Há tantos anos tenho trabalhado como um escravo para ti sem nunca ter desobedecido a uma só ordem tua. Contudo, tu nunca me ofereceste nem ao menos um cabrito para que pudesse festejar com meus amigos.

30 No entanto, chegando em casa esse teu filho, que pôs fora os teus bens com prostitutas, tu ordenaste matar o novilho gordo para ele!'.13

31 Então, lhe arrazoou o pai: 'Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que possuo é igualmente teu.14

32 Porém, nós tínhamos que celebrar muito à volta deste teu irmão e regozijar-mo-nos, porque ele estava morto e reviveu, estava sem esperança e foi salvo!'".



Cap. 16 - A parábola do administrador infiel

1 E contou Jesus ainda aos seus discípulos: "Havia um homem rico que mantinha um administrador; este porém, foi acusado de estar esbanjando os bens do seu patrão.1

2 E aconteceu, que mandando-o chamar, o interrogou: 'Que é isso que chega a mim a teu respeito? Presta contas da tua administração, porquanto já não podes continuar com essa responsabilidade!'.

3 Diante disso, falou o administrador consigo mesmo: 'Meu senhor está me despedindo. Que farei? Trabalhar na terra, não tenho força; quanto a viver esmolando, tenho vergonha.

4 Já sei o que farei para que, quando perder o cargo de administrador, as pessoas continuem a me receber em suas casas'.2

5 Tendo chamado cada um dos seus devedores, indagou ao primeiro: 'Quanto deves ao meu senhor?'.

6 Replicou ele: 'Cem potes de azeite'. Ao que o administrador lhe autorizou: 'Toma a tua conta, assenta-te depressa e escreve cinqüenta!'.3

7 Em seguida, questionou outro: 'E tu, quanto deves?' Respondeu ele: 'Cem tonéis de trigo'. E o administrador lhe orientou: 'Toma a tua conta e escreve oitenta!'.4

8 Então, o senhor elogiou aquele administrador da injustiça, pois agiu com sabedoria. Porquanto os filhos deste mundo são mais sagazes entre si, na conquista dos seus interesses, do que os filhos da luz em meio à sua própria geração.5

9 Portanto, Eu vos recomendo: Usai as riquezas deste mundo ímpio para ajudar ao próximo e ganhai amigos, para que, quando aquelas chegarem ao fim, esses amigos vos recebam com alegria nas moradas eternas.6

10 Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito.7

11 Assim, se vós não fores justos em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem vos confiará a verdadeira riqueza?

12 Se, portanto, não vos tornastes dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem vos dará o que é vosso?8

13 Nenhum servo pode devotar-se a dois senhores; pois odiará um e amará outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará ao outro. Jamais podereis servir a Deus e ao Dinheiro!".9


Jesus reprova a avareza

14 Os fariseus, conhecidos por sua avareza, escutavam tudo isso e procuravam ridicularizar a Jesus.

15 Ele, no entanto, lhes admoestou: "Vós sois os que justificais a vós mesmos à vista das pessoas, todavia Deus conhece o vosso coração; pois àquilo que as pessoas atribuem grande valor é detestável aos olhos de Deus.10


A Lei, os Profetas e o Reino

16 A Lei e os Profetas profetizaram até João. Dessa época em diante estão sendo pregadas as Boas Novas do Reino de Deus, e todos tentam conquistar sua entrada no Reino.

17 Contudo, é mais fácil os céus e a terra desaparecerem do que cair um traço da menor letra de toda a Lei.11


Cuidado para não deturpar a Lei

(Mt 19.9; Mc 10.10-12)

18 Quem se separar de sua esposa e se unir a outra mulher estará cometendo adultério; assim como, o homem que se casar com uma mulher divorciada estará igualmente adulterando.12


O rico avarento e Lázaro

19 Havia um certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que despendia todos os dias de sua vida de forma regalada.

20 E havia também um outro homem, chamado Lázaro, que coberto de chagas, vivia a esmolar, e fora abandonado no portão do homem rico.13

21 Lázaro ansiava por alimentar-se ao menos das migalhas que porventura viessem a cair da mesa do rico. Até os cães vinham lamber suas feridas.

22 E assim, chegou o dia em que o mendigo morreu e os anjos o levaram para junto de Abraão. Entretanto, o homem rico também morreu e foi sepultado.14

23 Mas no Hades, onde estava em tormentos, ele olhou para cima e observou Abraão ao longe, com Lázaro ao seu lado.

24 Então, gritou: 'Pai Abraão! Tem compaixão de mim e manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porquanto estou sofrendo muito em meio a estas chamas!'15

25 No entanto, Abraão lhe replicou: 'Filho, recorda-te de que recebeste todos os teus bens durante a tua vida, e Lázaro foi afligido por muitos males. Agora, entretanto, aqui ele está sendo consolado, enquanto tu estás padecendo.16

26 E, além do mais, foi colocado um grande abismo entre nós e vós, de maneira que os que desejem passar daqui para vós outros não consigam, tampouco passem de lá para o nosso lado'.

27 Diante disso, suplicou: 'Pai, então eu te imploro que mandes Lázaro à casa de meu pai,

28 pois tenho cinco irmãos. Permite que ele os avise, a fim de que eles também não venham para este terrível lugar de sofrimento'.

29 Contudo, Abraão lhe afirmou: 'Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam!'.17

30 Mas ele insistiu: 'Não, pai Abraão! Se alguém dentre os mortos for ter com eles, certamente se arrependerão'.

31 Abraão, concluindo, lhe afirmou: 'Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se permitirão converter, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos!'.18



Cap. 17 - Aviso quanto aos escândalos

(Mt 18.6-7; Mc 9.42)

1 Então Jesus declarou aos seus discípulos: "É inevitável que fatos ocorram que levem o povo a tropeçar na fé, mas ai da pessoa por meio de quem vêm os escândalos!

2 Seria melhor que tal pessoa fosse atirada ao mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço, do que induzir um destes pequeninos a pecar.1


Repreender e perdoar os irmãos

(Mt 18.21-22)

3 Tende cuidado de vós mesmos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, caso ele venha a se arrepender, perdoa-lhe.

4 Se, contra ti pecar sete vezes ao dia, e por sete vezes vier a ter contigo, dizendo: 'Arrependo-me do que fiz'. Perdoa-lhe!".

5 Diante disso, pediram os apóstolos ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!".2

6 Ao que encorajou-os o Senhor: "Se tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, podereis dizer a esta amoreira: 'Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá'.3

7 Qual de vós, tendo um escravo arando a terra ou apascentado as ovelhas, assim que ele chegar do campo, o convidará: 'Podes vir agora mesmo, reclina-te junto à mesa para cear'?

8 Ao contrário. Conforme o costume direis a ele: 'Prepara o meu jantar, apronta-te devidamente e então vem e serve-me enquanto como e bebo; depois tu, comerás e beberás também'.

9 Porventura, deverá agradecer ao escravo porque este fez o que lhe havia mandado?

10 Assim igualmente vós, depois de haverdes realizado tudo quanto vos foi ordenado, dizei: 'Somos servos inúteis, pois tão somente cumprimos o nosso dever!'"4


Jesus cura dez leprosos

11 A caminho de Jerusalém, passou Jesus pela divisa entre Samaria e Galiléia.5

12 Ao chegar num povoado, dez leprosos foram em sua direção e ficaram a certa distância.

13 Então, aos gritos, chamaram seu nome: "Jesus! Mestre! Tem piedade de nós!".

14 Ao vê-los, ordenou-lhes: "Ide e mostrai-vos aos sacerdotes!" E aconteceu, que enquanto eles caminhavam, foram purificados.6

15 Um dos dez, observando que fora curado, retornou, louvando a Deus em alta voz.

16 E, prostrando-se, com o rosto em terra aos pés de Jesus, muito lhe agradeceu; e este era samaritano.

17 Então, Jesus questionou: "Não foram purificados todos os dez? Onde se encontram os outros nove?

18 Não se achou nenhum outro que voltasse para render glória a Deus, a não ser este estrangeiro?".7

19 Então, Jesus declarou-lhe: "Levanta-te e vai! A tua fé te salvou".8


A chegada do Reino de Deus

20 Certa vez, interrogado pelos fariseus sobre quando se daria a vinda do Reino de Deus, Jesus lhes explicou: "Não vem o Reino de Deus com visível aparência.9

21 Nem haverá anúncios: 'Ei-lo aqui!' Ou: 'Lá está!'. Pois o Reino de Deus já está entre vós!".10

22 Depois declarou aos discípulos: "Chegará o tempo em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, mas não o vereis.11

23 E vos dirão: 'Ei-lo aqui!' Ou: 'Lá está Ele!'. Não vades, tampouco os sigais!12

24 Porquanto, a chegada do Filho do homem, no seu Dia, será como o relâmpago cujo esplendor da luz vai de uma à outra extremidade do céu.

25 Antes, porém, se faz necessário que Ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração.13

26 Pois, assim como aconteceu nos dias de Noé, também será nos dias do Filho do homem.

27 As pessoas viviam comendo, bebendo, unindo-se em matrimônio e sendo prometidas em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então sobreveio o dilúvio e os destruiu a todos.

28 Da mesma forma ocorreu nos dias de Ló. O povo dedicava-se a comer e beber, comprar e vender, plantar e construir.

29 Todavia, no dia em que Ló abandonou Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e destruiu a todos.

30 E, acontecerá exatamente assim, no Dia em que o Filho do homem for revelado.14

31 Portanto, naquele Dia, quem estiver sobre a laje, não desça para recolher os bens que estiverem dentro de casa. Semelhantemente, quem estiver no campo, não deve retornar por motivo algum.15

32 Lembrai-vos da esposa de Ló!

33 Quem tentar preservar sua vida perde-la-á; mas quem perder a sua vida na realidade a manterá.

34 Eu vos asseguro que, naquela noite, duas pessoas estarão numa cama; uma será levada e a outra deixada.

35 Duas mulheres estarão no campo; uma será tirada, e a outra deixada'.16

36 Dois trabalhadores estarão no campo; um será tomado, e o outro, deixado".

37 Diante disso, lhe indagaram: "Onde se dará tudo isso, Senhor?". Advertiu-lhes o Senhor: "Onde houver um cadáver, ali se ajuntarão os abutres!".17



Cap. 18 - A parábola da viúva persistente

1 Então Jesus propôs uma parábola aos seus discípulos, com a intenção de adverti-los quanto ao dever de orar continuamente e jamais desanimar.1

2 E lhes contou: "Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus, tampouco era sensível às necessidades das pessoas.

3 E havia, naquela mesma cidade, uma viúva que freqüentemente se dirigia a ele, rogando-lhe: 'Faze-me justiça na causa que pleiteio contra meu adversário!'.2

4 Ele, por algum tempo, não a quis atender; todavia, mais tarde considerou consigo mesmo: 'É bem verdade que eu não temo a Deus, nem respeito à pessoa alguma;

5 contudo, como esta viúva me importuna, farei justiça a ela, para não acontecer que, por fim, venha a me aborrecer ainda mais'".3

6 Então, concluiu o Senhor: "Atentai à resposta do juiz da injustiça!

7 Porventura Deus não fará plena justiça aos seus escolhidos, que a Ele clamam de dia e de noite, ainda que lhes pareça demorado em atendê-los?

8 Eu vos asseguro: Ele vos fará sua justiça, e depressa. No entanto, quando o Filho do homem vier, encontrará fé em alguma parte da terra?".4


A parábola do fariseu e do publicano

9 Para algumas pessoas que confiavam em sua própria justiça e menosprezavam os outros, Jesus contou ainda esta parábola:

10 "Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano.

11 O fariseu, em pé, orava em seu íntimo: 'Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: roubadores, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este cobrador de impostos.

12 Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho'.5

13 Entretanto, o publicano ficou à distância. Ele sequer ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, confessava: 'Ó Deus, sê benevolente para comigo, pois sou pecador'.6

14 Eu vos asseguro que este homem, e não o outro, foi para sua casa justificado diante de Deus. Porquanto todo aquele que se vangloriar será desprezado, mas o que se humilhar será exaltado!"7


Jesus abençoa os pequeninos

(Mt 19.13-15; Mc 10.13-16)

15 O povo trazia-lhe também as crianças, para que as abençoasse. Mas assim que os discípulos notaram isso, repreenderam aqueles que as haviam trazido.

16 Jesus, porém, chamando as crianças para junto de si, ordenou: "Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a eles.

17 Eu vos asseguro com toda certeza: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de maneira alguma entrará nele!".8


Jesus e o rico que amava seus bens

(Mt 19.16-30; Mc 10.17-31)

18 Certo líder judeu indagou-lhe: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?".

19 Questionou-lhe Jesus: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus!9

20 Tu sabes os mandamentos: 'Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe'".

21 Replicou-lhe o jovem: "A tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência!".

22 Ao ouvir isto, exortou-lhe Jesus: "Contudo, algo ainda te falta! Vende tudo o que tens, reparte o dinheiro entre os pobres e ganharás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me".10

23 Ao ouvir estas orientações, o jovem entristeceu-se muito, pois era riquíssimo.

24 Jesus, observando o semblante abatido daquele homem, exclamou: "Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que possuem muitas riquezas!11

25 Certamente, é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus".

26 E os que ouviram essas palavras questionaram: "Se é dessa maneira, quem poderá se salvar?".12

27 Jesus lhes asseverou: "Tudo o que é impossível aos seres humanos é possível para Deus!".

28 Ao que Pedro se manifestou: "Eis que nós deixamos nossa família e bens para te seguirmos!".

29 Então Jesus lhes afirmou: "Com toda a certeza Eu vos asseguro: Ninguém há que tenha deixado casa, esposa, irmãos, pai ou filhos por causa do Reino de Deus,

30 que não receba, no tempo presente, muitas vezes mais, e, na era futura, a vida eterna!".


Jesus prediz outra vez seu holocausto

(Mt 20.17-19; Mc 10.32-34)

31 E Jesus, chamando à parte os Doze, lhes revelou: "Eis que estamos subindo para Jerusalém, e tudo o que está escrito pelos profetas sobre o Filho do homem se cumprirá.

32 Ele será entregue aos gentios que zombarão dele, o insultarão, cuspirão nele, e depois de muito açoitá-lo, o matarão.13

33 Contudo, no terceiro dia Ele ressuscitará!".

34 Os discípulos não compreenderam nada do que fora dito. O significado dessas palavras ainda lhes estava oculto, e, portanto, não podiam entender do que Ele estava falando.14


Um homem cego ganha a visão

(Mt 20.17-19; Mc 10.32-34)

35 Aconteceu que, ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um homem cego sentado à beira do caminho, suplicando por esmolas.15

36 Assim que ouviu a multidão passando, ele perguntou do que se tratava aquilo.

37 E informaram-lhe: "É Jesus de Nazaré que vem passando!".

38 Então, o cego se pôs a exclamar: "Jesus! Filho de Davi, tem misericórdia de mim!".16

39 Os que caminhavam à frente o repreenderam para que se calasse; entretanto, o homem gritava cada vez mais alto: "Filho de Davi, tem misericórdia de mim!".

40 Foi então que Jesus parou e ordenou que aquele homem fosse trazido à sua presença. E, tendo ele chegado bem próximo, Jesus perguntou-lhe:

41 "Que queres que Eu te faça?". Ao que lhe respondeu o homem: "Senhor, eu quero voltar a enxergar!".

42 Então Jesus lhe determinou: "Recupera a visão! A tua fé te curou".

43 Naquele mesmo instante, o homem recuperou a capacidade de ver e passou a seguir a Jesus, glorificando a Deus. Quando toda a multidão observou o que aconteceu, da mesma forma rendia louvores ao Senhor.17



Cap. 19 - A salvação de Zaqueu, o publicano

1 Chegando a Jericó, atravessava Jesus a cidade.

2 Eis que um homem rico, chamado Zaqueu, chefe dos publicanos,1

3 buscava ver quem era Jesus; todavia, sendo ele de pequena estatura, não o conseguia, devido à afluência do povo.

4 Por esse motivo, correu adiante da multidão e subiu em uma figueira brava para observá-lo, pois Jesus ia passar por ali.2

5 Quando Jesus chegou àquele local, olhou para cima e o chamou: "Zaqueu! Desce depressa, pois preciso ficar hoje em tua casa".3

6 No mesmo momento desceu Zaqueu apressado e o recebeu com enorme alegria.

7 Todos, em meio à multidão, que presenciaram o que se passou começaram a murmurar: "Ele entrou na casa daquele pecador e vai hospedar-se lá!".4

8 Então, Zaqueu tomou a palavra e comunicou a Jesus: "Eis a metade dos meus bens Senhor, que estou doando aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais!".5

9 Diante disso, Jesus declarou: "Hoje, houve salvação nesta casa, pois este homem também é filho de Abraão.

10 Porquanto o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido".6


A parábola das moedas de ouro

11 Estando eles a ouvi-lo, Jesus passou a expôr-lhes uma parábola, visto estar próximo de Jerusalém e o povo imaginar que o Reino de Deus ia se estabelecer ali a qualquer momento.7

12 E assim, contou-lhes Jesus: "Certo homem de nobre nascimento, partiu para uma terra longínqua, com o objetivo de ser coroado rei de um determinado reino e regressar.8

13 Convocou dez dos seus servos, a cada um confiou uma moeda de ouro e orientando a todos lhes disse: 'Fazei com que esse dinheiro produza lucro até que eu volte'.9

14 Entrementes, seus súditos o odiavam e por isso mandaram uma delegação atrás dele, protestando: "Não queremos que este venha a reinar sobre nós!".

15 Contudo, ele tomou posse do reino e voltou. Então mandou chamar os servos a quem dera o dinheiro, a fim de verificar o quanto haviam lucrado.

16 O primeiro chegou e relatou: 'Senhor, a tua moeda de ouro rendeu dez vezes mais!'.

17 Ao que o senhor o elogiou: 'Muito bem, servo bom! E por teres sido leal no pouco, governarás sobre dez cidades'.

18 Vindo o segundo servo, lhe declarou: 'Senhor, a tua moeda de ouro produziu cinco vezes mais lucro!'.

19 E a este determinou: 'Terás autoridade sobre cinco cidades!'.

20 Veio, então, o outro servo, explicando: 'Eis aqui, Senhor, a tua moeda de ouro, que eu envolvi num lenço e conservei bem guardada!

21 Tive receio de ti, porquanto és um homem muito severo. Tira o que não puseste e colhes o que não semeaste!'.

22 Então o senhor o julgou: 'Por tuas próprias palavras eu o condenarei, servo mau! Sabias que eu sou homem rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei.

23 Sendo assim, por que não investiu o meu dinheiro no banco? E, então, no meu retorno, o receberia com juros'.

24 Em seguida, dirigindo-se aos que estavam presentes, ordenou: 'Tirai-lhe a moeda de ouro e entregai-a ao que tem dez!'.

25 Eles argumentaram: 'Mas, senhor, ele já possui dez vezes mais do que recebeu!'.

26 Ao que ele proclamou: 'Contudo, eu vos asseguro que a quem tem, mais será concedido, mas a quem não tem, até o que tiver lhe será tirado.10

27 E quanto àqueles, que se levantaram contra mim, como inimigos, rejeitando meu reinado sobre eles, trazei-os imediatamente aqui e executai-os diante de mim!'"11


Jesus é conduzido em triunfo

(Mt 21.1-11; Mc 11.1-11; Jo 12.12-19)

28 Após haver proferido essas palavras, Jesus seguiu adiante, subindo para Jerusalém.

29 Quando iam chegando aos povoados de Betfagé e Betânia, que ficam próximos do conhecido monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos, com a seguinte instrução:12

30 "Ide ao povoado que está adiante e, ao entrardes, encontrareis um jumentinho amarrado, sobre o qual ninguém jamais montou. Desprendei-o e trazei-o aqui".13

31 Se alguém vos interrogar: 'Por qual motivo o soltais?' respondereis desta maneira: 'Porque o Senhor precisa dele".

32 E assim, os que haviam sido enviados foram e acharam tudo conforme Ele lhes tinha dito.

33 Quando eles estavam desamarrando o jumentinho, os seus donos lhes indagaram: "Por que estais soltando o jumentinho?".

34 Diante do que replicaram: "Porque o Senhor precisa dele!".

35 Então puderam trazê-lo até Jesus, colocaram os mantos de montaria sobre o jumentinho e ajudaram Jesus a montá-lo.

36 E assim, enquanto Ele seguia em procissão, o povo estendia os seus mantos pelo caminho.

37 Ao chegar próximo da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou a louvar a Deus com grande alegria e em alta voz, por todos os milagres que haviam visto. E exclamavam:14

38 "Bendito é o rei que vem em Nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!".15

39 Porém, alguns dos fariseus que estavam no meio da grande multidão sugeriram a Jesus: "Mestre! Repreende os teus discípulos!".

40 Jesus, entretanto, lhes afirmou: "Eu vos asseguro, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão!".16


Jesus chora por Jerusalém

41 Quando ia chegando, assim que viu a cidade, Jesus começou a chorar sobre ela,17

42 e proclamou: "Ah! Se tu compreendesses neste dia, sim, tu também, o que traz a paz! No entanto agora isto está encoberto aos teus olhos.

43 Virão dias em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te ameaçarão, apertando o grande cerco contra ti.

44 Também lançarão por terra, tu e os teus filhos que estão dentro de ti. Não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a maravilhosa oportunidade que tiveste com a visitação de Deus!".18


Os profanadores da Casa de Deus

(Mt 21.12-17; Mc 11.15-19)

45 Mais tarde, entrando no templo, começou a expulsar os que ali estavam negociando,19

46 Repreendendo-os: "Está escrito! A minha Casa será Casa de oração. Porém vós a transformastes num covil de estelionatários!".


O povo ia ao templo ouvir Jesus

47 Todos os dias, Jesus ensinava no templo. Entretanto, os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes do povo tramavam algo para destruí-lo.

48 Contudo, não conseguiam encontrar um meio para executar seus planos, pois todo o povo estava absolutamente sob o domínio das suas palavras.20



Cap. 20 - A autoridade de Jesus é questionada

(Mt 21.23-27; Mc 11.27-33)

1 E aconteceu que, num daqueles dias, enquanto Jesus estava ensinando e evangelizando o povo no templo, aproximaram-se dele os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos,1

2 e o questionaram nestes termos: "Dize-nos: com que autoridade procedes como tens feito? Ou melhor: quem te deu tal autoridade?".2

3 Replicou-lhes Jesus: "Da mesma forma Eu vos questionarei; dizei-me:

4 o batismo de João tinha autorização do céu ou dos seres humanos?".

5 Diante disso, eles discutiam entre si: "Se afirmarmos: Do céu, ele nos indagará: 'Então, por qual motivo não acreditastes nele?'.

6 Por outro lado, se respondermos: Dos seres humanos, todo o povo nos apedrejará, pois estão convictos de que João era profeta".

7 Por fim, alegaram que não sabiam.

8 Então, Jesus lhes respondeu: "Pois nem Eu vos digo com que autoridade faço o que faço!".


A parábola dos vinicultores maus

(Mt 21.33-46; Mc 12.1-12)

9 Em seguida, passou Jesus a expor ao povo esta parábola: "Certo homem plantou uma vinha, arrendou-a para alguns vinicultores e saiu de viagem por longo tempo.3

10 Na época da colheita, ele enviou um servo aos vinicultores, para receber a sua parte nos lucros da vinha; no entanto, os vinicultores, depois de o espancarem, o mandaram embora de mãos vazias.

11 Diante do ocorrido, enviou-lhes outro servo; mas eles, da mesma forma, a este esbofetearam e depois de o humilharem, o despediram sem nada.

12 Mandou ainda um terceiro servo, todavia, a este também, muito feriram e expulsaram da vinha.

13 Então, disse o proprietário da vinha: 'Que farei? Enviarei o meu filho amado; é possível que a este respeitem mais'.

14 Contudo, assim que os vinicultores o viram, tramaram entre si argumentando: 'Este é o herdeiro! Ora, vamos matá-lo, e assim, a herança caberá a nós'.

15 E, atirando o filho para fora da vinha, o assassinaram. E, agora? O que lhes fará o dono da vinha?4

16 Virá e destruirá aqueles vinicultores maus e dará a vinha a outros!". Quando o povo ouviu isso, exclamou: "Que tal coisa jamais ocorra!".5

17 Porém, Jesus olhou bem nos olhos de cada pessoa e indagou: "Então, qual é o significado do que está escrito: 'A pedra que os construtores rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra angular'?

18 Todo o que bater contra esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela vier a cair será reduzido a pó!".6

19 E, naquele mesmo instante, os mestres da lei e os chefes dos sacerdotes tentavam de alguma maneira prender a Jesus, pois perceberam que fora contra eles que Ele havia exposto esta parábola. Contudo, temiam a reação do povo.7


Tributos pagos a Deus e a César

(Mt 22.15-22; Mc 12.13-17)

20 Então, eles se dispuseram a vigiá-lo, e para tanto, subornaram espiões que se fingiram justos para apanhar Jesus em qualquer eventual deslize verbal e com isso poder entregá-lo à jurisdição e à autoridade do governador.8

21 E, por isso, os espiões lhe apresentaram a seguinte questão: "Mestre, sabemos que falas e ensinas o que é correto, e que não julgas pela aparência, mas ministras o caminho de Deus de acordo com a verdade.

22 Pois bem. É certo pagar impostos a César ou não?".9

23 Jesus percebeu a astúcia deles e lhes ponderou:

24 "Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a inscrição estampadas?" Imediatamente replicaram: "De César!" Ao que Ele lhes orientou:

25 "Dai, portanto, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!".10

26 Não conseguiram apanhá-lo em palavra alguma perante a multidão. E assombrados com a sua resposta, ficaram em silêncio.


A verdade sobre a ressurreição

(Mt 22.23-33; Mc 12.18-27)

27 Alguns dos saduceus, que pregam que não há ressurreição, chegaram para Jesus com a seguinte questão:

28 "Mestre! Moisés nos legou por escrito que, se morrer o irmão de alguém, sendo aquele casado e não deixando filhos, seu irmão deve se casar com a viúva e gerar descendência ao falecido.11

29 Pois bem! Havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem deixar filhos.

30 O segundo e o terceiro, e mais tarde os demais, da mesma forma, casaram-se com ela;

31 e morreram os sete sucessivamente, sem deixar nenhum filho.

32 Finalmente faleceu também a mulher.

33 Na ressurreição, de quem ela será esposa, visto que os sete foram casados com ela?".

34 Então, Jesus lhes esclareceu: "Os filhos deste século casam-se e são dados em casamento;

35 todavia, os que forem julgados dignos de tomar parte no mundo vindouro e na ressurreição dos mortos não mais se casarão nem serão prometidos para matrimônio,

36 e também não podem mais morrer, pois são como os anjos. São filhos de Deus, sendo igualmente filhos da ressurreição.12

37 Quanto aos mortos ressuscitarem, Moisés já o mostrou no relato da sarça, no momento em que ele se refere ao Senhor como 'Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó'.13

38 Portanto, Deus não é Deus de mortos, mas sim de vivos, pois para Ele todos vivem".

39 Então, alguns dos mestres da lei se manifestaram exclamando: "Mestre, falaste muito bem!".

40 E a partir daquele momento, ninguém mais ousava lhe interrogar.14


O Cristo é Senhor de Davi

(Mt 22.41-46; Mc 12.35-37)

41 Então Jesus lhes indagou: "Como podem afirmar que o Cristo é filho de Davi?

42 Sendo que o próprio Davi declara no livro dos Salmos: 'O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita,15

43 até que Eu ponha os teus inimigos como estrado para os teus pés'.

44 Desta forma, portanto, Davi lhe chama 'Senhor'. Então como pode ser ele seu filho?".16


Jesus previne aos seus discípulos

(Mt 23.1-12; Mc 12.38-40)

45 E estando todo o povo a ouvi-lo, Jesus advertiu aos seus discípulos:

46 "Tende cuidado com os mestres da lei. Pois eles fazem questão de andar com roupas especiais, e muito apreciam serem saudados nas praças, ocupar as cadeiras mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes.

47 Contudo, eles devoram as casas das viúvas, e, para não dar na vista, fazem longas orações. Sem dúvida, estes homens sofrerão condenação mais severa!".17



Cap. 21 - A oferta da viúva pobre

(Mc 12.41-44)

1 E erguendo os olhos, Jesus observou os ricos colocando suas contribuições nas caixas para coleta de ofertas.1

2 Percebeu também que uma viúva pobre ofertou duas pequenas moedas judaicas.

3 E exclamou: "Com toda certeza vos asseguro que esta viúva pobre contribuiu mais do que todos eles juntos.

4 Porquanto todos os ofertantes deram daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua extrema pobreza, deu tudo o que tinha, todo o seu sustento!".2


A queda do templo é profetizada

(Mt 24.1-2; Mc 13.1-2)

5 Alguns dos seus discípulos começaram a falar com admiração sobre a magnificência do templo, edificado com enormes pedras e portentosas obras de arte dedicadas a Deus.3

6 Então, lhes declarou Jesus: "Chegarão os dias, nos quais, de tudo o que vedes aqui não será deixada pedra sobre pedra que não seja derrubada!".4


Jesus revela os sinais do fim

(Mt 24.3-14; Mc 13.3-13)

7 Então indagaram de Jesus: "Mestre! Quando acontecerá tudo isso? E que sinal haverá, quando tais eventos estiverem para se cumprir?".5

8 Esclareceu-lhes Jesus proferindo: "Cuidai para que ninguém vos iluda. Pois muitas pessoas virão em meu nome, proclamando: 'Ele sou eu!' E ainda: 'Chegou o final dos tempos!' A estes não sigais!

9 Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos apavoreis; pois é necessário que estes fatos venham primeiro, contudo o final dos tempos não ocorrerá em breve".6

10 E acrescentou Jesus: "Porquanto, nação se levantará contra nação, e reino contra reino;

11 e haverá em muitos lugares enormes terremotos, epidemias horríveis e devastadora falta de alimentos. Então sucederão eventos terríveis e surgirão poderosos fenômenos celestes.

12 Entretanto, antes que tudo isso aconteça, vos prenderão e perseguirão. E assim vos entregarão às sinagogas e aos cárceres, e sereis conduzidos à presença de reis e governadores, e tudo isso por causa do meu Nome.7

13 Porém, isso vos será uma oportunidade para que deis testemunho.

14 Assentai, portanto, desde agora, em vosso coração que não deveis vos preocupar com o que haveis de declarar em vossa defesa.

15 Porque Eu colocarei as devidas palavras em vossa boca e vos concederei sabedoria, a que não conseguirão resistir ou contradizer todos os que vierem a se opor a vós.8

16 Mas sereis traídos até por pais, irmãos, parentes e amigos, e matarão alguns de vós.

17 E por todos sereis odiados por causa do meu Nome.

18 Contudo, não se perderá um único fio de cabelo da vossa cabeça.9

19 É na vossa perseverança que confirmais a salvação da vossa alma.10


A destruição de Jerusalém

(Mt 24.15-28; Mc 13.14-23)

20 Quando virdes exércitos fechando o cerco ao redor de toda Jerusalém, sabei que é chegada a hora da sua absoluta destruição.

21 Então, os que estiverem na Judéia, refugiem-se nos montes, mas os que estiverem na cidade saiam imediatamente, e os que estiverem nos campos não venham para ela.11

22 Porquanto, estes serão os dias da vingança, a fim de que se cumpra tudo o que está escrito.12

23 Ai das que carregam no ventre seus filhos e daquelas que amamentam naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra este povo.

24 Eles sucumbirão ao fio da espada, e muitos serão levados como prisioneiros para todas as nações. Jerusalém será pisoteada pelos gentios, até que passe o tempo de poderem agir assim.13


O glorioso retorno de Jesus

(Mt 24.29-31; Mc 13.24-27)

25 E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão desesperadas, com medo do terrível estrondo do mar e das ondas.14

26 Muitas pessoas desmaiarão de terror, preocupadas com o que estará sobrevindo às populações do mundo, pois os poderes do espaço sideral serão abalados.

27 Então, se observará o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e portentosa glória.

28 Sendo assim, quando esses fatos começarem a surgir, exultai e levantai as vossas cabeças, pois está muito perto a vossa redenção!".15


A parábola da figueira

(Mt 24.32-44; Mc 13.28-37)

29 Em seguida, Jesus lhes propôs uma parábola: "Observai a figueira, bem como todas as demais árvores.

30 Assim que começam a brotar, percebendo-o, reconheceis, por vós mesmos, que o verão está chegando.

31 Da mesma forma, quando notardes que estes eventos começam a ocorrer, sabei que está próximo o Reino de Deus.

32 Com toda a certeza vos asseguro que de modo algum passará esta geração sem que todos estes fatos aconteçam.16

33 Porquanto, o céu e a terra desaparecerão, contudo as minhas palavras de maneira nenhuma passarão.17


Devemos viver vigilantes

(Mt 24.42-44; Mc 13.33-37)

34 Tende cuidado de vós mesmos, para que jamais vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da libertinagem, da embriaguez e das ansiedades desta vida terrena, e para que aquele Dia não se precipite sobre vós, de surpresa, como uma armadilha.

35 Pois ele certamente virá sobre todos os que vivem na face de toda a terra.18

36 Vigiai, portanto, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de

todos estes eventos que estão para acontecer, e apresentar-vos em pé diante do Filho do homem".19

37 Jesus passava o dia ensinando no templo; e ao pôr-do-sol caminhava até o monte chamado das Oliveiras, onde passava a noite.20

38 Ao raiar do dia, todo o povo se dirigia ao templo para ouvi-lo.



Cap. 22 - A conspiração para matar Jesus

(Mt 26.1-5; Mc 14.1-2)

1 A Festa dos Pães sem fermento, chamada Páscoa, estava se aproximando.1

2 E os chefes dos sacerdotes e mestres da lei procuravam um meio para matar Jesus, todavia tinham grande receio do povo.


O pacto da traição

(Mt 26.14-16; Mc 14.10-11)

3 Então Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que fora um dos doze discípulos.2

4 E Judas dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e aos oficiais da guarda do templo e negociou com eles como lhes poderia entregar Jesus.3

5 A proposta muito os satisfez, e acordaram em lhe dar dinheiro.

6 Judas aceitou e ficou aguardando uma oportunidade, quando a multidão não estivesse ao redor de Jesus, para então entregá-lo sem tumulto.4


Jesus e os discípulos na Páscoa

(Mt 26.17-19; Mc 14.12-16)

7 Finalmente, chegou o Dia dos Pães sem fermento, no qual devia ser sacrificado o cordeiro pascal.5

8 Então Jesus enviou Pedro e João, recomendando: "Ide preparar-nos a Páscoa para que a ceiemos juntos!".6

9 E eles lhe perguntaram: "Onde desejas que a preparemos?".

10 Ao que Ele lhes orientou: "Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando um pote de água; segui-o até à casa em que ele entrar7

11 e comunicareis ao proprietário da casa: 'O Mestre manda indagar-te: Onde é o salão de hóspedes no qual poderei cear a Páscoa com os meus discípulos?'.

12 Então ele lhes mostrará uma ampla sala no andar superior, toda mobiliada; ali fazei os preparativos".

13 E, seguindo, tudo encontraram conforme Jesus lhes havia predito e prepararam a Páscoa.8


A última Páscoa de Jesus

14 Quando chegou o momento, Jesus e os seus discípulos se reclinaram à mesa.

15 Então, Ele lhes revelou: "Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da hora do meu sofrimento!

16 Pois vos afirmo que não a comerei novamente até que ela se cumpra no Reino de Deus.9

17 E, havendo pegado um cálice, Ele deu graças e ordenou: Tomai do cálice e partilhai entre vós;10

18 pois vos declaro que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus".


A Ceia do Senhor

(Mt 26.26-30; Mc 14.22-26; 1Co 11.23-25)

19 E, tomando um pão, havendo dado graças, o partiu e o serviu aos discípulos, recomendando: "Isto é o meu corpo oferecido em favor de vós; fazei isto em memória de mim".11

20 Da mesma maneira, depois de cear, pegou o cálice, explicando: "Este cálice significa a nova aliança no meu sangue, derramado em vosso benefício.

21 Eis, contudo, que a mão daquele que vai me trair está com a minha sobre a mesa.

22 O Filho do homem certamente vai, conforme o que está prescrito; todavia, ai daquele por intermédio de quem Ele está sendo traído!".12

23 A partir de então, começaram a questionar entre si quem seria, dentre eles, o que estava para fazer isto.


Seja o maior como quem serve

24 E surgiu também uma discussão entre eles, acerca de qual deles deveria ser considerado o mais importante.

25 Mas Jesus lhes ponderou: "Os reis das nações são os senhores delas, e os que exercem autoridade sobre os povos são chamados de benfeitores.13

26 Entretanto, vós não sereis assim. Ao contrário, o maior entre vós seja como o mais jovem, e aquele que governa, como o que serve.

27 Porquanto quem é o maior: o que está reclinado à mesa, ou o que serve? Porventura, não é o que está reclinado à mesa? Contudo, entre vós, Eu Sou como aquele que serve.

28 Vós sois os que tendes permanecido ao meu lado durante as minhas tribulações.14

29 Assim como meu Pai me outorgou um Reino, Eu o designo a vós,

30 para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino; e vos assentareis em tronos para governar as doze tribos de Israel.15


Jesus prediz a traição de Pedro

(Mt 26.31-35; Mc 14.27-31; Jo 13.36-38)

31 Simão, Simão, eis que Satanás já recebeu autorização para vos peneirar como trigo!

32 Eu, entretanto, roguei por ti, para que a tua fé não se esgote; tu pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos!".

33 Mas Pedro replicou: "Senhor! Estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão quanto para a morte".

34 Contudo, predisse-lhe Jesus: "Asseguro-te, Pedro, que antes que o galo cante hoje, três vezes negarás que me conheces!".16


Lutar pela vida e pelo Reino

35 Em seguida, Jesus os inquiriu: "Quando Eu vos enviei sem bolsa, mochila de viagem e outro par de sandálias, sentistes falta de algo?" Ao que eles prontamente replicaram: "De nada!".17

36 Então, Jesus os adverte: "Agora, porém, quem tem bolsa, pegue-a, assim como a mochila de viagem; e quem não tem espada, venda a própria capa e compre uma.

37 Pois vos asseguro que é necessário que se cumpra em mim o que está escrito: 'E Ele foi contado com os transgressores'. Sim, o que está escrito a meu respeito está para se cumprir".

38 Então os discípulos afirmaram: "Senhor, eis aqui duas espadas!" Mas Jesus lhes exortou: "É o bastante!".18


Jesus sai para orar no monte

(Mt 26.36-46; Mc 14.32-42)

39 E, retirando-se, seguiu, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam.19

40 Chegando ao lugar, Jesus lhes instruiu: "Orai, para que não venhais a cair em tentação".20

41 Então Ele se afastou deles à distância de um tiro de pedra, ajoelhou-se e começou a orar:21

42 "Pai, se queres, afasta de mim este cálice; entretanto, não seja feita a minha vontade, mas o que Tu desejas!".

43 Foi então que apareceu-lhe um anjo do céu que o encorajava.

44 E, em grande agonia, orava ainda mais intensamente. E aconteceu que seu suor se transformou em gotas de sangue caindo sobre a terra.22

45 Assim que se levantou da oração e voltou à presença dos discípulos, os encontrou adormecidos, exaustos de tristeza,

46 e exortou-lhes: "Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai! Para que não venhais a cair em tentação".


Jesus é preso

(Mt 26.47-56; Mc 14.43-50; Jo 18.1-11)

47 Enquanto Ele ainda falava, chegou uma multidão seguindo a Judas, um dos Doze. Este se aproximou de Jesus para saudá-lo com um beijo.

48 Jesus, no entanto, lhe argüiu: "Judas, por meio de um ósculo estás traindo o Filho do homem?".

49 Ao perceberem o que se sucederia, os que estavam com Jesus lhe propuseram: "Senhor! Devemos atacá-los à espada?".

50 E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita.23

51 Contudo, Jesus interveio e ordenou: "Deixai-os. Basta!". E tocando a orelha do homem, Ele o curou.

52 Então, voltando-se Jesus para os chefes dos sacerdotes, os oficiais da guarda do templo e os líderes do povo que haviam chegado para prendê-lo, inquiriu-lhes: "Viestes contra mim com espadas e varas, como se Eu estivesse liderando uma rebelião?

53 Todos os dias Eu estive convosco no templo e não estendestes as mãos contra mim. Contudo, esta é a vossa hora, quando as trevas dominam".


Pedro nega a Jesus

(Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Jo 18.15; 25-27)

54 Então, prenderam a Jesus, o levaram e o fizeram entrar na casa do sumo sacerdote. Pedro, entretanto, os seguia à distância.

55 Mas, quando acenderam um fogo no meio do pátio e se sentaram ao redor dele, Pedro assentou-se com eles.

56 Uma criada o viu sentado ali à luz do fogo e olhando fixamente em seu rosto o acusou: "Este homem também estava com Ele!".

57 Contudo, Pedro negou, assegurando-lhe: "Mulher, não o conheço!".

58 Pouco depois, um homem também o viu e afirmou: "Tu também és um deles!". Mas Pedro o contradisse: "Homem, eu não sou!".

59 Então, havendo passado cerca de uma hora, outro homem o identificou: "Com toda a certeza, também este homem, estava com ele, porquanto também é galileu!".

60 Ao que Pedro exclamou: "Homem, não sei do que estás falando!". E falava ele ainda, quando o galo cantou.

61 E aconteceu que o Senhor encontrou-se com Pedro e o olhou diretamente nos olhos. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe havia predito: "Antes que o galo cante hoje, tu me negarás três vezes".

62 Então Pedro, retirando-se dali, chorou amargamente.


Jesus é humilhado e torturado

63 Os homens que haviam detido a Jesus começaram a zombar dele e a espancá-lo.

64 Vendaram seus olhos e escarneciam: "Profetiza-nos: quem é que te esbofeteou?".

65 E lhe dirigiam muitas outras palavras infames, blasfemando.


Jesus diante dos líderes judeus

(Mt 26.57-68; Mc 14.53-65)

66 Logo que o dia clareou, reuniu-se todo o Sinédrio, tanto os chefes dos sacerdotes quanto os mestres da lei, e Jesus foi conduzido à presença dos maiores líderes do povo, onde o interrogaram:24

67 "Se tu és o Cristo, declara-o a nós!" Então Jesus lhes respondeu: "Se vo-lo disser, não acreditareis em mim.

68 Assim como, se Eu vos questionar, tampouco me atendereis.

69 No entanto, a partir de agora, o Filho do homem estará assentado à direita do poder soberano de Deus!".

70 Ao que todos lhe inquiriram: "Ora, então Tu és o Filho de Deus?". Então, Jesus lhes afirmou: "Vós dizeis que Eu Sou".

71 Diante disso, exclamaram todos: "Por que precisamos de mais testemunhas? Posto que acabamos de ouvir a confissão da sua própria boca!".25



Cap. 23 - Jesus diante dos líderes romanos

(Mt 27.1-2,11-14; Mc 15.1-5; Jo 18.28-38)

1 Então todo o conselho dos principais líderes do povo judeu levantou-se e conduziu Jesus a Pilatos.1

2 E ali passaram a acusá-lo, alegando: "Encontramos este homem subvertendo a nossa nação. Inclusive, proibindo o pagamento de impostos a César e se dizendo o Messias, o Rei!".

3 Diante disso, lhe interrogou Pilatos: "És tu o rei dos judeus?". Replicou-lhe Jesus: "De fato, é como dizes!".

4 Então Pilatos declarou aos chefes dos sacerdotes e às muitas pessoas reunidas: "Não vejo neste homem motivo algum para acusação!".2

5 Todavia, eles insistiam cada vez mais, exclamando: "Ele amotina o povo, pregando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui".

6 Ao ouvir isto, Pilatos quis saber se aquele homem era de fato galileu.

7 Ao ser informado que era da jurisdição de Herodes, estando este, naqueles dias, em Jerusalém, lho enviou.3


Jesus é interrogado por Herodes

8 Assim que Herodes viu a Jesus, expressou grande satisfação, pois havia muito que desejava conhecê-lo, por ter ouvido falar sobre sua fama; tinha também a expectativa de vê-lo fazer algum sinal.4

9 E de muitas maneiras o questionava; Jesus, entretanto, nada lhe respondia.

10 Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam presentes, e o acusavam com grande eloqüência.

11 Porém Herodes, assim como os seus soldados, acabaram por ridicularizá-lo e zombar dele. Obrigaram-no a vestir-se com uma capa de aparente realeza e o mandaram de volta a Pilatos.5

12 Naquele mesmo dia, Herodes e Pilatos, que viviam em clima de inimizade, firmaram um pacto de reconciliação.


Pilatos interroga Jesus outra vez

(Mt 27,15-26; Mc 15.6-15; Jo 18.39-19.16)

13 Então, Pilatos convocando os chefes dos sacerdotes, todas as demais autoridades judaicas e o povo,

14 ponderou-lhes: "Entregaste-me este homem como amotinador do povo; todavia, tendo-o interrogado na vossa presença, nada constatei contra Ele dos crimes de que o acusais.

15 Tampouco Herodes encontrou alguma falta nele, pois no-lo mandou de volta. E não existe nada digno de morte realizado por Ele.

16 Portanto, após submetê-lo a açoites, libertá-lo-ei!".

17 Pois, conforme a tradição, ele deveria dar liberdade a um detento judeu por ocasião da Páscoa.

18 Contudo, todo o povo gritou a uma voz: "Acaba com este! Solta-nos Barrabás!".6

19 Ora, Barrabás havia sido condenado e estava na prisão por causa de uma rebelião na cidade e por ter cometido um assassinato.

20 Mas Pilatos desejava soltar a Jesus e voltou a argumentar com a multidão.

21 Eles, entretanto, gritavam ainda mais: "Crucifica-o! Crucifica-o!".

22 Então, pela terceira vez, declarou ao povo: "Que mal fez este homem? De fato, motivo algum encontrei contra Ele para condená-lo à morte. Sendo assim, depois de açoitá-lo, soltá-lo-ei!".

23 Mas a multidão reivindicava insistentemente aos brados que Ele fosse crucificado. E o clamor do povo prevaleceu.

24 E assim, Pilatos resolveu dar-lhes o que desejavam.

25 Libertou o homem que havia sido lançado na prisão por causa da rebelião que causara e do homicídio que cometera, mas por quem clamava o povo. E entregou Jesus à vontade deles.


Jesus a caminho do Gólgota

(Mt 27.32; Mc 15.21)

26 Então, o retiraram dali e enquanto o levavam, agarraram Simão de Cirene, que estava chegando do campo, e jogaram a trave da cruz sobre seus ombros, obrigando-o a carregá-la e caminhar atrás de Jesus.7

27 E uma grande multidão seguia a Ele, inclusive muitas mulheres que choravam e pranteavam em desespero.

28 Porém, Jesus, dirigindo-se a elas, as preveniu: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; antes, pranteai, por vós mesmas e por vossos filhos!8

29 Porquanto eis que estão chegando os dias em que se dirá: 'Felizes as estéreis, os ventres que jamais geraram e os seios que nunca amamentaram!

30 Então clamareis às montanhas: 'Caí sobre nossas cabeças!' E às colinas: 'Cobri-nos!'.9

31 Pois, se fazei isto com a árvore verde, o que acontecerá quando ela estiver seca?".10

32 E eram levados com Ele dois outros homens, ambos criminosos, a fim de serem executados.


A crucificação

(Mt 27.33-44; Mc 15.22-32; Jo 19.17-27)

33 Quando chegaram a um lugar conhecido como Caveira, ali o crucificaram com os criminosos, um à direita e o outro à sua esquerda.11

34 Apesar de tudo, Jesus dizia: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo!". A seguir, dividiram entre si as vestes de Jesus, tirando sortes.12

35 Uma grande multidão estava presente e a tudo observava, enquanto as autoridades o ridicularizavam, exclamando: "Salvou os outros! Pois agora salve-se a si mesmo, se é de fato o Cristo de Deus, o Escolhido!".

36 Da mesma forma os soldados se aproximaram e também dele zombavam. Oferecendo a Ele vinagre.

37 E o provocavam: "Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!".

38 Também havia sido afixada uma inscrição acima dele, onde se lia: ESTE É O REI DOS JUDEUS.13

39 Um dos criminosos que ali estavam crucificados esbravejava insultos contra Ele: "Não és tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também!".

40 Mas o outro criminoso o repreendeu, afirmando: "Nem ao menos temes a Deus, estando sob a mesma sentença?

41 Nós, na verdade, estamos sendo executados com justiça, pois que recebemos a pena que nossos atos merecem. Porém, este homem não cometeu mal algum!".

42 Então, dirigindo-se a Jesus, rogou-lhe: "Jesus! Lembra-te de mim quando entrardes no teu Reino".

43 E Jesus lhe assegurou: "Com toda a certeza te garanto: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!".14


Jesus entrega sua vida na cruz

(Mt 27.45-56; Mc 15.33-41; Jo 19.28-30)

44 E já era cerca de meio-dia, quando as trevas cobriram toda a terra até as três horas da tarde;15

45 o sol perdera seu brilho. E o véu do santuário rasgou-se ao meio.16

46 Então, Jesus bradou com voz forte: "Pai! Em tuas mãos entrego o meu espírito". E havendo dito isto, expirou.

47 O centurião, constatando o que tinha acontecido, glorificou a Deus, exclamando: "Verdadeiramente, este homem era justo!".17

48 E todas as multidões que haviam afluído, a fim de presenciar aquele acontecimento, ao verem isso, retiraram-se aos prantos, batendo nos peitos.18

49 No entanto, todos aqueles que o conheciam, inclusive as mulheres que o haviam seguido desde a Galiléia permaneceram, ainda que à certa distância, observando atentamente todos esses fatos.19


O sepultamento de Jesus Cristo

(Mt 27.57-61)

50 E eis que havia certo homem, chamado José, natural de Arimatéia, uma cidade da Judéia, e membro do Sinédrio, que era bom e justo.

51 Ele não havia concordado com o veredicto, tampouco com o proceder dos outros, e aguardava o Reino de Deus.20

52 Foi à presença de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.

53 Então, tirando-o da cruz, o envolveu em um lençol de linho, e o depositou num túmulo cavado na rocha, no qual ainda ninguém havia sido sepultado.

54 Era o Dia da Preparação, e estava para começar o sábado.21

55 As mulheres que vinham seguindo a Jesus desde a Galiléia, acompanharam José, e contemplando o túmulo, viram como o corpo de Jesus fora colocado naquele local.22

56 Em seguida, foram para casa e prepararam perfumes e bálsamos. E no sábado, descansaram, em obediência ao mandamento.23



Cap. 24 - Jesus Cristo ressuscitou!

(Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Jo 20.1-9)

1 No primeiro dia da semana, logo ao raiar da aurora, as mulheres levaram ao sepulcro as especiarias aromáticas que haviam preparado.1

2 E encontraram removida a pedra do sepulcro;

3 todavia, quando entraram, não mais acharam o corpo do Senhor Jesus.2

4 Ficaram pasmas, sem saber o que fazer. De repente, dois homens com roupas que reluziam como a luz do sol se colocaram ao lado delas.3

5 Atemorizadas, as mulheres inclinaram o rosto para o chão e nesse momento os homens lhes questionaram: "Por que procurais entre os mortos Aquele que vive?4

6 Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos de como vos preveniu, enquanto ainda estava convosco na Galiléia:

7 'É impreterível que o Filho do homem seja entregue nas mãos de pecadores, e seja crucificado, e ressuscite no terceiro dia'".

8 Então, se lembraram das palavras de Jesus.

9 E, ao voltarem do sepulcro, elas compartilharam tudo o que lhes acontecera aos Onze e a todos os outros.5

10 As mulheres que relataram todos esses fatos aos apóstolos foram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, bem como as demais que com elas estavam.6

11 Entretanto, eles não acreditaram nelas, as palavras daquelas mulheres lhes pareciam um delírio.7

12 Contudo, Pedro levantou-se e saiu correndo até o sepulcro. Ao chegar, abaixando-se, viu as faixas de linho e mais nada; então afastou-se e voltou perplexo com o que acontecera.8


Jesus surge no caminho de Emaús

(Mc 16.12-13)

13 E, naquele mesmo dia, dois deles estavam caminhando em direção a um povoado chamado Emaús, que ficava a cerca de onze quilômetros de Jerusalém.9

14 E iam dialogando sobre todos os fatos recentemente ocorridos.

15 Enquanto trocavam idéias e discutiam, o próprio Jesus se aproximou de ambos e começou a caminhar com eles;

16 entretanto, os olhos deles foram impedidos de reconhecê-lo.

17 Então, Ele lhes questionou: "O que vos preocupa e sobre o que ides discutindo durante vossa jornada?". E eles pararam entristecidos.

18 No entanto, um deles, chamado Cléopas, replicou-lhe: "És o único, porventura, que tendo estado em Jerusalém, ignoras os acontecimentos destes últimos dias?".

19 Ao que Ele lhes indagou: "Quais?" E eles começaram a lhe explanar: "Ora, o que ocorreu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo,10

20 e como os chefes dos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à pena de morte, e o crucificaram;

21 e nós acreditávamos que fosse Ele quem havia de trazer a total redenção a Israel. Mas, hoje já é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu.

22 É verdade também que algumas mulheres, seguidoras conosco, nos assustaram. Porquanto foram de madrugada ao sepulcro,

23 mas não encontraram o corpo de Jesus. Contudo, voltaram e nos relataram que tiveram uma visão de anjos, que lhes asseguraram que Ele vive!

24 De fato, alguns outros seguidores entre nós foram ao sepulcro e encontraram tudo exatamente como as mulheres haviam informado; porém não viram a Ele".11

25 Então, lhes admoestou Jesus: "Ó tolos de entendimento e lentos de coração para crer em tudo quanto os profetas já declararam a vós!

26 Ora, não era imprescindível que o Cristo padecesse para que entrasse na sua glória?".12

27 Então, iniciando por Moisés e discorrendo sobre todos os profetas, explanou-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.

28 Ao se aproximarem do povoado para o qual se dirigiam, Jesus fez como quem ia continuar a caminhada, seguindo mais à frente.

29 Porém eles muito insistiram, rogando-lhe: "Fica conosco, pois é tarde, e o dia já está chegando ao fim!". Então, Ele entrou para ficar com eles.13

30 E aconteceu que, quando estavam reclinados ao redor da mesa, tomando Ele o pão, deu graças, partiu-o e o deu a eles;14

31 neste mesmo instante, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; Ele, contudo, desapareceu diante dos olhos deles.

32 E questionaram-se entre si: "Porventura não nos queimava o coração, quando Ele, durante a nossa jornada, nos falava, quando nos explicava as Escrituras?".15

33 E, na mesma hora, levantando-se, retornaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e outros seguidores com eles,

34 os quais anunciavam: "É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!".16

35 Então os dois comunicaram o que havia ocorrido no caminho e como Jesus fora reconhecido por eles enquanto partia o pão.


Jesus aparece aos discípulos

(Jo 20.19-23)

36 E aconteceu que, estando ainda conversando sobre esses fatos, o próprio Jesus apareceu entre eles e lhes saudou: "Paz seja convosco!".

37 Eles ficaram atônitos e aterrorizados, pensando que estivessem vendo um espírito.

38 Todavia, Ele lhes exortou: "Por que estais apavorados? E por qual motivo sobem dúvidas ao vosso coração?

39 Observai as minhas mãos e meus pés e vede que Eu Sou o mesmo! Tocai-me e comprovai o que vos afirmo. Por que um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que Eu tenho.17

40 E havendo dito isto, passou a mostrar-lhes as mãos e os pés.

41 E tão repletos de alegria e surpresa estavam, que não conseguiam acreditar no que viam. Por isso, Jesus lhes pediu: "Tendes aqui algo para comer?".

42 E eles lhe ofereceram um pedaço de peixe assado.

43 E pegando aquele pedaço de peixe o comeu na presença de todos.


Jesus esclarece as Escrituras

44 Em seguida, Jesus lhes explicou: "São estas as palavras que Eu vos ensinei quando ainda estava entre vós: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos!".18

45 Então, se lhes abriu o entendimento para que pudessem compreender as Escrituras.

46 E lhes afirmou: "Está escrito que o Cristo haveria de padecer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia,19

47 e que em Seu Nome seria pregado o arrependimento para o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.

48 E vós sois testemunhas destes fatos.

49 Eis que Eu sobre vós envio a promessa de meu Pai; contudo, permanecei na cidade, até que sejais revestidos do poder do alto!".20


Jesus é elevado ao céu

(Mc 16.19-20)

50 Tendo-os levado até as proximidades de Betânia, Jesus ergueu as mãos e os abençoou.21

51 E, enquanto os abençoava, ia-se retirando da presença deles, sendo elevado ao céu.22

52 Então, eles o adoraram e voltaram para Jerusalém plenos de felicidade.23

53 E reuniam-se constantemente no pátio do templo, bendizendo a Deus.24